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Cronista esportivo, participou como jogador das Copas de 1966 e 1970. É formado em medicina.

Zagueiros e goleiros brasileiros precisam aprender a sair com a bola

Jogadores parecem ter vergonha de dar o chutão, quando é necessário

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Nas quatro partidas pela Copa do Brasil, três visitantes venceram, o que não é o habitual. Três times estrearam treinadores, o que é uma loucura, por ser uma decisão. Dois dos principais jogadores de São Paulo e de Flamengo, Daniel Alves e Gerson, não sei por qual razão, passaram quase todo o tempo em guerra, chutando o tornozelo um do outro, com cara de raiva, o que é incompreensível.

O jovem goleiro Hugo, grande promessa, bastante elogiado pelas ótimas partidas anteriores, tentou driblar quando não podia, perdeu a bola, e o São Paulo ganhou o jogo. Foi um grave erro.

Antes do gol da vitória, o São Paulo já tinha errado várias vezes na saída de bola, e o Flamengo não aproveitou. Como escreveu muito bem a colunista Renata Mendonça, essa conduta é uma evolução, uma realidade sem volta, que precisa, com urgência, ser melhorada, embora o erro de Hugo tenha sido mais pessoal do que de estratégia.

O goleiro Hugo, do Flamengo, em partida anterior contra o São Paulo, em 1º de novembro, pelo Campeonato Brasileiro - Ricardo Moraes/Reuters

O grande problema é que os jovens goleiros e defensores brasileiros que entram no time titular não foram bem treinados nas categorias de base para jogar dessa maneira. Parece que têm vergonha de dar o chutão, quando é necessário.

O time de Fernando Diniz comete alguns erros na saída de bola. Um é tentar trocar passes pelo meio, o que é mais perigoso. Outro é recuar Daniel Alves junto ao goleiro, para o armador dar o passe ao companheiro, perto ou dentro da área e pressionado por vários adversários. Deveria ser o contrário. Daniel Alves tem mais talento e teria mais chance de sair da marcação.

Além disso, os times brasileiros e europeus têm feito muito bem a pressão para tomar a bola mais perto do gol adversário.

Os zagueiros e os goleiros brasileiros precisam aprender a sair com a bola, a trocar passes e também a jogar um pouco mais adiantados.

Hugo foi também exageradamente elogiado, como se já fosse um Dida. Terá muito que aprender. Eu também elogiei, excessivamente, o jovem Jean Pyerre, meio-campista do Grêmio. Quase o comparei a Ademir da Guia, pelas passadas largas, pela elegância e pelo toque de bola, mas me contive. Ainda é cedo.

Há décadas, e que continua até hoje, os técnicos costumam empurrar para frente os ótimos jogadores de meio-campo, para serem meias atacantes, artilheiros, e, para trás, os que não têm talento, para serem volantes apenas marcadores ou zagueiros. Com isso, desapareceram os craques meio-campistas, que jogam de uma intermediária à outra. Jean Pyerre é uma esperança. O meio-campo é a alma e a inspiração de um time.

A Covid-19 está perto de completar um ano. Como serão o futebol e a vida depois que tudo passar? Um ano de tragédia é diferente para um setentão, para um quarentão e para as crianças.

Superatletas

Como aconteceu nas duas partidas anteriores pelas Eliminatórias, a seleção brasileira, contra a Venezuela, jogou com muita intensidade e com muita pressão para recuperar rapidamente a bola. São características do futebol moderno. Além de bons, são superatletas, uma importante necessidade, mesmo para os craques. Porém, faltaram, diante da retranca venezuelana, mais qualidade individual e coletiva e mais brilhantes e eficientes dribles e passes.

Faltou um Neymar e também um excepcional meio-campista, que jogasse entre o volante e o meia ofensivo, de uma intermediária à outra, e que enxergasse o que é visível e o que parece encoberto.

O Brasil precisa enfrentar as principais seleções sul-americanas e, principalmente, as europeias, para se ter uma correta avaliação.

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