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Tema difícil para os adultos, morte está presente em duas peças para crianças em SP

'Mundaréu de Mim' e 'Aqui Tem Vida Demais' falam de saudade e pensam sobre o que acontece depois que morremos

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São Paulo

Perder alguém é muito chato. Tem aquelas perdas temporárias, quando a mãe parece que some no meio do supermercado, daí ressurge do nada; tem as perdas pra sempre, mas que o sumido de vez em quando dá notícia e está ótimo e só não quer mais saber da gente; e tem a perda master-blaster, quando uma pessoa infelizmente morre.

Todas elas são perdas muito péssimas. E, além de muito péssimas, elas também têm outra coisa em comum, que é deixar as pessoas com muitas perguntas na cabeça, especialmente aquelas sobre o que acontece depois.

Imagem da peça 'Aqui Tem Vida Demais' - Rodofo Amorim/Divulgação

"Fizemos uma peça para tentar entender isso, já que durante a vida muita coisa vai desaparecendo, morrendo. Bichinhos, plantinhas, pessoas que amamos. A gente queria colocar um pouco de leveza nas perdas que doem demais", diz Bruno Canabarro, ator e autor em "Aqui Tem Vida Demais".

O espetáculo, em cartaz em São Paulo até 2 de novembro, surgiu depois que Bruna Betito, amiga de Bruno na criação da história, recebeu um áudio de um aluno (ela também é professora) dizendo que havia "matado sem querer" seu peixinho de estimação ao jogá-lo na privada.

"Essa peça é para todas as idades, para todo mundo poder falar sobre morte, vida e cuidado. Muitos adultos ainda acreditam que se deixamos de falar sobre alguma coisa, essa coisa deixa de existir. Mas a gente sabe que a morte existe tanto quanto existe vida, né? E quanto mais a gente souber disso, melhor vamos levar a vida", diz Bruno.

Ele adianta que há sustos na peça, mas só com risadas. E que também há mistérios e mágicas. "Você não precisa ter medo, porque é bonito. E você não precisa se assustar porque é teatro, e no teatro as coisas acontecem de mentirinha. Quer dizer, as coisas acontecem e depois, pronto, logo acabam."

Elenco da peça 'Aqui Tem Vida Demais' - Rodolfo Amorim

"Aqui Tem Vida Demais" mostra os irmãos Maria e Mário. Os dois gostam muito de doces, brincadeiras e aventuras. Em seu caminho, eles acabam encontrando pessoas estranhas, mas que despertam neles alguma curiosidade. "Na verdade verdadeira, essa peça fala da vida e de como a gente consegue enxergar que tem vida em todo lugar", afirma o autor.

Outra peça também em São Paulo tem temática parecida. "Mundaréu de Mim" não fala sobre morte assim, com essas cinco letras, mas dá um jeito de tocar nesse mesmo assunto ao contar sua história.

"A saudade é um sentimento que faz com que muita gente que já se foi ou que está longe continue aqui pertinho da gente. A ideia da peça é a gente falar desse sentimento que não acaba com a morte, muito pelo contrário, só aumenta. Todas as pessoas são eternas no coração das outras se pensarmos assim", diz Vitor Rocha, autor, dramaturgo e letrista.

"O que vem depois? Esse é um grande mistério não só para as crianças e seus pais, mas pra toda a humanidade, né? Acho que é muito difícil falar sobre o que a gente não sabe ao certo, por isso muitas vezes os adultos acabam fugindo do assunto", afirma.

"Mundaréu de Mim" se passa no Carnaval. Na história, a quarta-feira de cinzas (último dia do feriado) é um dia em que as pessoas que já partiram deste plano e "viraram saudades" podem voltar a caminhar entre os vivos.

Nesse momento, a menina Graciela sai escondida da mãe para conhecer a festa e esbarra em José, um homem que já "virou saudade" e que busca a ajuda de alguém ainda vivo para falar com uma pessoa do seu passado e explicar um mal-entendido.

A peça está em cartaz no Parque da Água Branca até 29 de outubro. Tudo acontece ao ar livre, em uma estrutura de 22 metros de comprimento e com plateia em que cabem até 3.000 pessoas por apresentação —não é preciso pagar pelo ingresso.

"O mais legal é poder fazer uma peça onde todo mundo pode só ir chegando pra assistir. A gente tá em um parque, de graça, com acessibilidade pra todo mundo. E eu, particularmente, também amo fazer uma peça em que posso ver o sol se pondo enquanto trabalho", diz Vitor.

O nome do espetáculo surgiu por sua conexão com o Carnaval, quando multidões saem às ruas para festejar, mas acaba que também vale para a quantidade de gente que cabe em cada sessão da peça. "É um mundaréu de gente se divertindo, dançando e se encontrando. E, nesse mundaréu, todo nós encontramos pessoas que decidimos levar no coração, que vão compondo o mundaréu de cada um de nós."

Aqui Tem Vida Demais

Avaliação:
  • Quando: Até 2 de novembro. Dom. e feriados, às 11h. Apresentações extra em 18 e 19/10, às 10h
  • Onde: Sesc Ipiranga (R. Bom Pastor, 822)
  • Preço: s 11h. Apresentações extra em 18 e 19/10, às 10h. Sesc Ipiranga (R. Bom Pastor, 822). Ingressos R$ 25 (inteira), R$ 12,50 (meia) e R$ 8 (credencial plena). Grátis para crianças até 12 anos
  • Classificação: Livre
  • Elenco: Bruna Betito, Bruno Canabarro e Paula Spinelli
  • Direção: Rodolfo Amorim

Mundaréu de Mim

Avaliação:
  • Quando: Até 29 de outubro. Sex. e sáb., às 18h, dom., às 15h e 18h
  • Onde: Parque da Água Branca (Av. Francisco Matarazzo, 455)
  • Preço: Grátis
  • Classificação: Livre
  • Autoria: Vitor Rocha
  • Elenco: Sara Chaves, Cainã Naira e outros
  • Direção: Duda Maia

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Texto com este selo é indicado para ser lido por responsáveis e educadores com a criança

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