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Promotoria peruana é criticada após suicídio de ex-presidente

Para partido, Alan García foi perseguido com apoio do atual presidente, Martín Vizcarra

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Lima | AFP

suicídio do ex-presidente peruano Alan García, cujo corpo está sendo velado nesta quinta-feira (18) na sede de seu partido, divide o país e desperta críticas contra o Ministério Público por sua política de pedir prisões preventivas dos investigados pelo escândalo de corrupção da brasileira Odebrecht.

Cenas de dor e angústia dos militantes se multiplicaram desde cedo na "Casa Del Pueblo", onde centenas de pessoas desfilaram ordenadamente em frente ao caixão de García para prestar homenagens ao duas vezes presidente peruano.

Os simpatizantes tentavam tocar o ataúde, coberto por uma bandeira peruana e outra do partido social-democrata Aliança Popular Revolucionária Americana (Apra). 

Apoiadores velam o corpo do ex-presidente peruano Alan García, em Lima - Guadalupe Pardo /Reuters

O velório vai até sexta-feira (19), quando o corpo de García, 69, será cremado em um cemitério de Lima, informou o dirigente da Apra, Omar Quesada. 

García morreu na quarta-feira (16) em um hospital de Lima após dar um tiro contra a cabeça quando a polícia judiciária anunciou sua ordem de prisão por 10 dias por um caso de suposta lavagem de ativos ligado à Odebrecht.  

A arma usada tinha sido um presente da Marinha de Guerra peruana durante seu mandato. 

O governo decretou três dias de luto nacional de 17 a 19 de abril, mas a família rejeitou qualquer homenagem.

"A decisão da família é que não haja atos oficiais", disse o congressista Jorge Del Castillo, ratificando a rejeição à presença de qualquer representante do governo. 

A família de García, que teve seis filhos de três relações diferentes, não aceitou a presença de nenhum representante oficial, nem a coroa de flores das autoridades. 

O partido atribui o suicídio de García a uma perseguição de setores da imprensa e do MP especial da Lava Jato/Odebrecht, com respaldo do atual presidente, Martín Vizcarra.

"O que algumas pessoas e um setor da imprensa odiosa queriam era vê-lo enquadrado, essa não é a forma de tratar um presidente, ele não ia permitir, como não permitiu", garantiu Del Castillo. 

O MP abriu uma investigação contra os dois procuradores que participaram da prisão de García.

"O protocolo estabelecido para este tipo de diligência foi seguido rigorosamente, respeitando os direitos do senhor García Pérez como investigado", afirmou o procurador especial Rafael Vela.

Também estão sendo investigados os ex-mandatários Alejandro Toledo (2001-2006), Ollanta Humala (2011-2016) e Pedro Pablo Kuczynski (2016-2018), este último em prisão preliminar, no âmbito do escândalo da Odebrecht no Peru. 

Carla García, filha mais velha de García, reivindicou a honra de seu pai e disse que a verdade chegará para provar sua honestidade.

"São momentos difíceis, nos quais sinto muita tristeza, mas me acompanham a dignidade e as lições de vida que me deu. Despeço-me muito orgulhosa de ser filha de Alan. A verdade vai abrir caminho", escreveu Carla García em sua conta no Twitter. 

Antes de ser emitida a ordem de prisão, García tinha declarado na terça-feira que não buscaria asilo nem se esconderia, uma alusão tácita ao frustrado asilo que pediu ao Uruguai em dezembro, ante uma prisão iminente. Ele não podia deixar o país por uma ordem judicial.

Agora, o mandado de prisão contra García buscava recolher elementos que permitissem ao MP acusar-lhe do crime de ser "chefe de uma organização criminosa". 

García também estava sob investigação por supostas propinas pagas pela Odebrecht para obter um contrato de construção para o metrô de Lima durante seu segundo mandato.

O MP recebeu indícios de que o ex-secretário da presidência de García, Luis Nava, recebeu US$ 4,8 milhões da construtora. Os investigadores suspeitam que ele agiu como seu representante, algo que ambos negaram. 

Semanas atrás, o ex-presidente declarou: "Não há nenhuma declaração, prova ou depósito que me ligue a qualquer ato criminoso, muito menos à empresa Odebrecht".

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