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Herói de ataque terrorista em Londres não foi primeiro a reagir; veja outros casos

Testemunhas arriscaram e foram mortos ao reagir para salvar vidas

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Jennifer Hassan Siobhán O'Grady
Londres | Washington Post

Um homem armado com faca e usando um falso colete de explosivos matou duas pessoas e feriu outras três na sexta-feira (29) em um ataque na London Bridge que a polícia está tratando como ato terrorista.

Vídeos compartilhados amplamente nas redes sociais mostram um grupo de transeuntes derrubando o suspeito ao chão e imobilizando-o, até ele receber um tiro fatal da polícia.

Nas imagens dramáticas, um membro do público é visto fugindo da cena segurando uma faca grande que teria sido arrancada das mãos do agressor para impedi-lo de ferir mais pessoas.

Outros membros do público aparecem cercando o suspeito e aparentemente ajudando policiais a imobilizá-lo.

Policiais isolam área na London Bridge depois de ataque que deixou ao menos dois mortos - Isabel Infantes/Xinhua

O prefeito de Londres, Sadiq Khan, elogiou o “heroísmo espantoso” das pessoas que enfrentaram o agressor, dizendo: “Também quero agradecer aos membros do público que puseram sua própria segurança em risco esta tarde. Eles são o que temos de melhor”.

Em declaração feita após o ataque, o primeiro-ministro Boris Johnson prestou homenagem à polícia, aos serviços de emergência e à “bravura extraordinária” dos membros do público envolvidos no incidente.

“Eles representam o que nosso país tem de melhor, e agradeço a eles em nome de todo nosso país”, disse Boris.

As pessoas que ajudaram a dominar o suspeito de London Bridge na sexta-feira (29) engrossam as fileiras de muitas pessoas comuns em todo o mundo que demonstraram coragem fora do comum.

Inúmeras vezes, do Reino Unido à Nova Zelândia, testemunhas enfrentaram opções dilacerantes quando confrontadas por perigo iminente e arriscaram —e em alguns casos perderam— suas vidas para tentar salvar outras.

Reino Unido - 2017

Em 3 de junho de 2017, três terroristas, também usando coletes suicidas falsos, arremeteram contra pedestres na London Bridge com seu carro e então saíram esfaqueando pessoas furiosamente no movimentado Borough Market, na capital britânica.

Os terroristas mataram oito pessoas e foram mortos a tiros pela polícia.

Quando o ataque começou, o bancário espanhol Ignacio Echeverría, 39, enfrentou os agressores usando seu skate como arma. Ele morreu tentando salvar uma mulher que estava sendo atacada pelos terroristas.

“Foi como se ele nem tivesse pensado, mas reagido imediatamente”, disse um amigo de Echeverría.

No ano passado, os pais do espanhol receberam a Medalha George britânica por bravura em nome de seu filho.

Em outros lugares do mercado, outras pessoas tentaram desafiar e distrair a atenção dos agressores, jogando garrafas, copos e insultos contra eles enquanto aguardavam a chegada da polícia.

Um torcedor de futebol britânico, Roy Larner, 47, estava tomando cerveja com amigos quando o ataque começou e decidiu enfrentar os três terroristas, gritando palavrões em apoio a seu time do coração.

Larner recebeu oito facadas no pescoço, cabeça e mãos, mas sobreviveu. Desde então, uma marca de cerveja recebeu seu nome.

Durante um ataque com facas numa estação de metrô na zona leste de Londres, em 2015, policiais usaram arma de eletrochoque para imobilizar o agressor, que teria gritado “isto é para a Síria!” enquanto feria três pessoas.

Mas o que chamou mais a atenção foi a voz de um espectador captada em imagens de vídeo do incidente, gritando várias vezes para o suspeito “you ain’t no Muslim, bruv!” (você não é muçulmano de verdade, cara!).

O comentário viralizou e ganhou destaque como hashtag nas redes sociais, com britânicos elogiando o espectador por ter assinalado que seus atos não condizem com o islã.

O então primeiro-ministro britânico David Cameron, comentando o incidente em uma entrevista coletiva, descreveu o comentário como “perfeito”.

“Alguns de nós dedicamos discursos, aparições na mídia, declarações e tudo a esse assunto”, disse Cameron. “Mas ‘you ain’t no Muslim, bruv’ expressou tudo muito melhor do que eu conseguiria.”

Nova Zelândia - 2019

Quando um atirador supremacista branco atacou duas mesquitas na Nova Zelândia, em março deste ano, ele matou mais de 50 pessoas e fez dezenas de feridos.

Pelo menos uma de suas vítimas morreu tentando detê-lo.

Imagens de vídeo que circularam após o ataque mostraram Naeem Rashid, 50, tentando enfrentar o atirador —Brenton Tarrant, 28— diante de uma das mesquitas.

Rashid, pai de três filhos, emigrara do Paquistão para a Nova Zelândia uma década antes e foi saudado como herói em seu país de origem.

O primeiro-ministro paquistanês, Imran Khan, lhe deu um prêmio póstumo por bravura e postou no Twitter que Rashid tornou-se mártir quando tentou enfrentar o atirador.

O Paquistão declarou um dia nacional de luto após o ataque.

“Meu irmão foi um homem corajoso que morreu tentando salvar outros”, disse o irmão de Rashid, Khurshid Alam, falando ao Washington Post pelo telefone na época. “Sua morte mostrou como ele prezava a humanidade."

Noruega - 2019

Em agosto deste ano Mohammad Rafiq, 65, impediu, desarmado, um atirador de atacar uma mesquita na Noruega, derrubando-o ao chão.

O oficial militar paquistanês aposentado disse que o suspeito fortemente armado resistiu, dando-lhe socos no rosto e enfiando um dedo em seu olho.

O esforço de Rafiq para impedir algo que poderia ter se convertido em outro ataque mortífero com armas de fogo contra uma mesquita contou com a ajuda de dois outros homens no Centro Islâmico al-Noor, que correram para ajudá-lo a imobilizar o agressor.

A polícia norueguesa disse que os homens deram mostra de grande coragem e confirmaram que estava tratando o ataque como suspeito ato de terrorismo.

Austrália, 2019

Um vídeo compartilhado no Twitter e visto mais de 4 milhões de vezes mostrou espectadores “significativamente corajosos” usando cadeiras e um caixote de leite para encurralar um homem em Sydney, em agosto, que estava esfaqueando pessoas.

“Corri para fora e vi pessoas pegando bastões e tacos de um caminhão de bombeiros e correndo atrás de um homem na rua”, disse uma testemunha ao jornal 10 Daily.

O homem, que matou uma pessoa e feriu outra, foi perseguido nas ruas por testemunhas que se uniram em um esforço desesperado para impedi-lo de ferir outros.

O “Sydney Morning Herald” divulgou na época que a polícia identificou o agressor como Mert Ney, 21.

As autoridades disseram ao jornal que não consideraram o incidente como sendo ligado a terrorismo, mas que estavam investigando. Ney teria um histórico de problemas de saúde mental.

Tradução de Clara Allain

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