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Brasil se une a Índia, China e África do Sul para defender financiamento de países ricos no clima

Governos se encontraram no início do mês para chegar a posição unificada sobre responsabilidades no combate ao aquecimento global

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Brasília

Em uma ação preparatória para a Cúpula do Clima, o Brasil se reuniu em 8 de abril com China, Índia e África do Sul para defender que países ricos financiem ações contra o aquecimento global. No encontro, uma conferência de ministros do Meio Ambiente do fórum Basic, que reúne os quatro países, o governo brasileiro ajudou a elaborar uma declaração para marcar uma posição conjunta sobre mudança climática.

A articulação com governos de industrialização recente foi considerada fundamental para o governo do presidente Jair Bolsonaro, visto nos Estados Unidos e na Europa como o vilão ambiental da atualidade.

O ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, antes de entrevista coletiva em Brasília - Sergio Lima/AFP

O Ministério das Relações Exteriores vinha se preparando para uma cúpula difícil e temia que o país —antes uma referência internacional nas iniciativas internacionais de preservação—​ ficasse isolado.

Os temores não eram em vão. O governo dos EUA estabeleceu que Bolsonaro seria o 19º líder a falar —entre os 27 escalados para discursar nesta quinta—, e Joe Biden não estava presente na sala em que a videoconferência era exibida quando finalmente chegou a vez de o brasileiro se pronunciar.

O eixo principal do documento do Basic é a defesa de que os debates climáticos sejam pautados pelo princípio de "responsabilidades comuns, mas diferenciadas". O conceito prevê que a exigência de esforços para a redução de emissões deve respeitar as condições socioeconômicas de cada país.

"Ao reconhecer diferentes capacidades e responsabilidades históricas entre países desenvolvidos e em desenvolvimento, os ministros ressaltam que o Basic e outros países em desenvolvimento requerem tempo e espaço para a formulação de políticas públicas, para alcançarem uma transição justa das suas economias", escrevem os governos de Brasil, Índia, China e África do Sul.

O texto faz ainda uma defesa das políticas ambientais dos membros do fórum, destacando que eles estabeleceram políticas e contribuições climáticas que refletem "as maiores ambições possíveis".

Os quatro governos criticam no texto a proposta da estabelecimento de uma espécie de imposto ambiental pelo qual importações seriam sobretaxadas de acordo com a "pegada de carbono" da produção.

Segundo interlocutores no Itamaraty, a medida, encampada atualmente pela União Europeia, poderia converter-se numa prática discriminatória de comércio.​

No documento, os signatários também argumentam que "a ambição de apoio dos países desenvolvidos deve estar à altura da ambição de ação dos países em desenvolvimento" e que a COP26 (Conferência das Nações Unidas sobre Mudança Climática, marcada para novembro, na Escócia) deve ter como meta alcançar um acordo sobre financiamento para países em desenvolvimento, especialmente em um momento em que essas nações enfrentam os impactos da Covid.

"Os ministros expressaram sua profunda preocupação com a insuficiência e a inadequação do apoio prestado pelos países desenvolvidos até o momento. A escala e a velocidade do financiamento climático proporcionado pelos países desenvolvidos precisa aumentar de forma considerável", escrevem os países.

A disponibilização de verbas por países desenvolvidos é um ponto caro às ambições do governo Bolsonaro. A gestão brasileira tem afirmado a interlocutores no exterior ser necessário receber dinheiro de países mais ricos para conseguir frear o desmatamento crescente nos últimos anos na Amazônia, principal fonte de emissão de gases —junto à pecuária— no Brasil.

Em reunião neste mês com os EUA, Ricardo Salles, ministro do Meio Ambiente, chegou a mostrar uma ilustração na qual o Brasil é representado como um cachorro de olho em frangos assados rodando em uma máquina. Acima dos frangos, a frase "expectativa de pagamento".

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