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Exército Brasileiro evita competição militar organizada pela Rússia

Jogos Internacionais em plena Guerra da Ucrânia terão prova na Venezuela pela primeira vez

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São Paulo

O Exército Brasileiro desistiu de participar de uma competição anual entre forças militares organizada pela Rússia, país que invadiu a Ucrânia em 24 de fevereiro, mudando o balanço geopolítico do planeta.

Os Jogos Internacionais do Exército, realizados desde 2015, começaram no sábado (13) e irão até o próximo dia 27. Eles compreendem 36 competições em 12 países, incluindo pela primeira vez a Venezuela, principal aliada de Moscou no quintal estratégico dos Estados Unidos.

Time chinês compete no biatlo com tanques no campo de Alabino, perto de Moscou, pelos Jogos Internacionais do Exército de 2022 - Alexander Zemliantchenko - 14.ago.2022/Xinhua

Questionado, o Centro de Comunicação Social da Força confirmou que não haveria delegação brasileira, mas não citou motivos. Segundo oficiais com conhecimento do assunto, a decisão foi política: participar de um evento do gênero montado por um país em guerra poderia sugerir que o Brasil tem lado na disputa.

A orientação difere do comportamento do governo de Jair Bolsonaro (PL), que condenou a invasão em voto na ONU, mas não integra o grupo de países que aplicam sanções ao governo de Vladimir Putin. Ao contrário, o presidente brasileiro procurou novos negócios de oportunidade, particularmente comprar diesel mais barato.

O Brasil participou como observador das edições de 2015 e 2019 e competiu no ano passado na categoria de países sem uso de veículos blindados. Ganhou uma prova de salto de paraquedas e ficou em terceiro lugar geral.

Há todo tipo de simulação militar no evento. A Venezuela sediará a competição de franco-atiradores em fronteiras e teve uma base reformada pelos russos para receber os competidores. O regime chavista é sócio militar de Moscou desde os anos 2000, tendo adquirido caças, tanques, sistemas antiaéreos e todas sorte de armamento leve.

O Comando Sul dos Estados Unidos já classificou a presença militar russa, além da pegada econômica chinesa em países latino-americanos, como um desafio estratégico. Na véspera dos Jogos Internacionais, aliás, os americanos concluíram seu principal exercício anual na região, o Panamax.

Os jogos já foram apelidados por observadores de "Olimpíadas do Eixo do Mal", resgatando o derrogatório termo cunhado pelo então presidente George W. Bush em 2002 para falar de países rivais dos EUA —no caso, Irã, Iraque e Coreia do Norte.

Nesta edição, 21 países distantes ou rivais dos EUA participarão. O destaque é a antagonista de Washington na Guerra Fria 2.0, a China, que terá em seu solo uma disputa entre blindados e outra de limpeza de campos minados. Dois dos competidores não são reconhecidos pela ONU: os protetorados russos de Abkházia e Ossétia do Sul, extirpados da Geórgia após a guerra de 2008 contra Moscou.

Outros nomes são conhecidos das listas proscritas dos americanos: Belarus, Irã, Sudão e a própria Venezuela, apesar dos esforços de reaproximação recentes do governo de Joe Biden.

Nem sempre foi assim, como a presença brasileira no passado indicou. A Grécia foi o único país da Otan, a aliança militar ocidental, a participar dos jogos. EUA, França, Alemanha, Holanda, Eslovênia e Turquia, todos membros do clube, já enviaram observadores em edições anteriores.

Erramos: o texto foi alterado

Versão anterior deste texto chamou a Ossétia do Sul incorretamente de Ossétia do Norte. A informação foi corrigida.  

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