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Descrição de chapéu América Latina LGBTQIA+

Cuba aprova casamento LGBTQIA+ e barriga de aluguel em referendo

Regime fez campanha pelo sim em consulta popular sobre novo Código das Famílias

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Havana | AFP

Os cubanos votaram a favor de uma nova legislação que legaliza o casamento entre pessoas do mesmo sexo, a barriga de aluguel e outras práticas relacionadas a configurações familiares, em um referendo neste domingo (25) —apenas o terceiro em mais de 60 anos de regime.

De acordo com o Conselho Eleitoral, o projeto foi aprovado com 66% dos votos. Segundo a presidente do órgão, Alina Balseiro, o resultado mostra uma "tendência irreversível".

O novo Código das Famílias, que substituirá uma lei que se encontra em vigor desde 1975 e passa a valer imediatamente após a vitória na consulta popular, define o casamento como a união "entre duas pessoas", abrindo a porta para o casamento LGBTQIA+ e a adoção de crianças por casais homossexuais.

Também permitirá o reconhecimento de pais e mães além dos biológicos, assim como a barriga de aluguel —desde que sem fins lucrativos—, e agregará outros direitos a crianças, idosos e pessoas com deficiência.

Eleitor cubano deposita cédula em urna de votação em Havana, capital de Cuba - Yamil Lage - 25.set.22/AFP

As seções eleitorais abriram às 7h locais (8h em Brasília) em Havana. O líder cubano, Miguel Díaz-Canel, votou bem cedo, acompanhado da esposa, Lis Cuesta, no município de Playa, no oeste da capital.

Após depositar seu voto, disse que a nova lei "é uma norma justa, necessária, atualizada, moderna e que dá direitos e garantias a todas as pessoas, a todas as diversidades de famílias, de pessoas, de credos".

Mais de oito milhões de cubanos eram esperados para responder "sim" ou "não" a uma única pergunta: "Você concorda com o Código das Famílias?". Vários temas incluídos no novo código são sensíveis em uma sociedade marcada pelo machismo que se exacerbou nos anos 1960 e 1970, quando a ditadura condenou muitos homossexuais ao ostracismo ou os enviou a campos militarizados de trabalho agrícola.

Nas décadas seguintes, as autoridades mudaram de postura e, agora, o novo código foi objeto de uma intensa campanha midiática por parte do regime, que tentou introduzir o casamento entre pessoas do mesmo sexo na Constituição de 2019, mas teve de recuar diante de críticas de católicos e evangélicos.

Em um comunicado, a Conferência Episcopal de Cuba voltou à briga neste mês, opondo-se a vários pontos do texto, como a adoção por casais do mesmo sexo, gravidez assistida e paternidade ampliada.

Entre fevereiro e abril, foi realizada uma consulta sobre o Código das Famílias em 79 mil reuniões de moradores, bairro a bairro, movimento que levou a uma modificação de 48% do texto original.

O amplo espectro do código, de quase 500 artigos, alimenta dúvidas entre alguns que concordam, por exemplo, com o casamento entre pessoas do mesmo sexo, mas não com a adoção.

Em um contexto de profunda crise econômica, êxodo migratório e mais de um ano depois das históricas manifestações de 11 de julho de 2021, há cidadãos tentados a se abster de votar, em protesto.

Os opositores têm ido às redes sociais para pedir votos contrários ao texto —ou abstenções. Na América Latina, o casamento igualitário é legal na Argentina, no Uruguai, no Brasil, na Colômbia, no Equador, na Costa Rica, no Chile e em vários estados mexicanos.

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