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Marcha migrante

Se vier a pôr em prática suas ameaças, Trump contribuirá para exacerbar problema migratório

Caravana de imigrantes durante passagem pelo México - Pedro Pardo/AFP

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Após 11 dias de marcha, a caravana formada por milhares de imigrantes de Honduras, El Salvador e Guatemala tem ganhado ímpeto e gerado alarme na cúpula do governo dos Estados Unidos, país ao qual se destina o grupo.

Aproximadamente 200 pessoas partiram da cidade de San Pedro Sula (Honduras), em 13 de outubro, em busca de asilo. De forma orgânica, com adesões e desistências, o contingente foi medrando ao longo da passagem pela Guatemala. 

No domingo (21), após cruzar a fronteira com o México, já se contavam cerca de 3.000 pessoas. Agora, segundo a Organização Internacional para as Migrações, são 7.000 —ou 10 mil de acordo com a porta-voz do grupo.

O presidente americano, Donald Trump, reagiu como seria de esperar de alguém que se elegeu com a promessa de erigir um muro na fronteira de seu país. 

Na semana passada, o republicano esposou teses conspiratórias, como a de que o Partido Democrata financia a caravana com o objetivo de que os migrantes possam votar em seus candidatos —esquecendo-se de que apenas cidadãos legais têm direito ao sufrágio.

Colocou, na segunda-feira (22), o Exército e a Patrulha de Fronteira em estado de alerta, e declarou que o avanço da marcha é uma emergência nacional. Repetiu, ademais, a promessa de cortar —ou reduzir substancialmente— a ajuda norte-americana a Honduras, El Salvador e Guatemala.

Juntos, os três países receberam mais de US$ 500 milhões (R$ 1,8 bilhão) dos EUA no ano fiscal de 2017 (que compreende o período de outubro de 2016 a setembro de 2017).

Se vier a colocar em prática suas ameaças, Trump estará, em realidade, contribuindo para exacerbar o problema migratório na América Central —não para mitigá-lo.

As populações desses países convivem com um cotidiano de miséria e ignominiosa violência. Honduras exibe a maior taxa de homicídios do planeta (55 por 100 mil), segundo o mais recente relatório da ONU sobre o tema —em que o Brasil figura em nono lugar do mundo e sétimo das Américas.

Nessa lista, El Salvador ocupa a terceira colocação global, e a Guatemala, a 13ª. As três nações também integram o rol dos PIBs per capitas mais baixos do continente.

É a busca desesperada por mais segurança e melhores condições de vida que motiva tantas pessoas a abandonar seus lares, parentes e o próprio passado.

A assistência americana, assim, está longe de ser desprezível —e a interrupção de recursos prevista por Trump só tende a agravar a dura realidade dos países e a intensificar suas consequências.

editoriais@grupofolha.com.br

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