Cozinha Bruta

Comida de verdade, receitas e papo sobre gastronomia com humor (bom e mau)

Descrição de chapéu inflação alimentação

Não existe azeite grátis na mesa do restaurante

Alta absurda do preço do azeite de oliva leva ao aumento da adulteração e falsificação

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

São Paulo

Com o litro do azeite se aproximando dos R$ 100 no supermercado, já tem restaurante português mudando a receita do bacalhau.

Adaptações precisarão ser feitas, e uma coisa é certa: a fraude do azeite, que já é endêmica, vai explodir.

O esquema ocorre com a falsificação (venda de outros óleos como se fosse azeite extravirgem) ou adulteração (azeite "batizado" com outros óleos) em todas as etapas da cadeia.

Azeites e óleos de girassol protegidos com corrente e cadeado num supermercado de Málaga, Espanha - REUTERS

Há azeite fraudado na origem, na distribuição, no envasamento e, como você já pode ter desconfiado, nas cozinhas dos restaurantes brasileiros.

Trata-se de um cambalacho tão simplório quanto difícil de punir. O dono do restaurante –digamos, um quilão– compra alguns vidros de azeite de marca confiável e os põe à disposição dos clientes.

Quando esse azeite acaba, ele leva os frascos à cozinha e os completa com produto comprado em galões, sempre algo mais barato. O que tem no galão, em geral, é azeite adulterado no envase –todo ano sai uma lista de marcas pegas no truque– ou óleo misto de soja e oliva.

Isso quando o cara não liga o f0d@-se e mete óleo de soja puro no vidro do azeite.

Não acontece em todos os lugares, obviamente, mas é uma prática disseminada. Via de regra, quanto mais barata/popular a casa, maior a chance de ter azeite fajuto na mesa –porque restaurantes assim atraem um público menos exigente em relação aos artigos de galheteiro.

A inflação absurda do azeite, agravada pela quebra da safra de azeitonas na Espanha, pressiona o setor de restaurantes a mudar procedimentos. Alguns vão repassar o aumento nos custos (o que pode afugentar clientes), outros vão simplesmente abolir o azeite "grátis" para temperar comida à mesa (o que também pode criar insatisfação).

Um terceiro grupo, composto por comerciantes que ainda não cometiam o estelionato, vai cair em tentação e fraudar o azeite. Porque é um negócio tão simplório quanto difícil de punir.

LINK PRESENTE: Gostou deste texto? Assinante pode liberar cinco acessos gratuitos de qualquer link por dia. Basta clicar no F azul abaixo.

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.