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Comediante une humor a deepfake e põe Schwarzenegger em situações inusitadas

Brian Monarch manipula vídeos em parceria com dubladores; ao blog #Hashtag, ele diz que comédia não é política

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São Paulo (SP)

O comediante norte-americano Brian Monarch arranca risadas de seus seguidores nas redes sociais com peças que aliam humor ao deepfake. Foi com as montagens hiperrealistas que usam inteligência artificial que Monarch fez Arnold Schwazenegger cantar e dançar clássicos como "I Wanna Dance With Somebody", da cantora Whitney Houston, e ‘’Yellow’’, da banda Coldplay, por exemplo.

Ao blog #Hashtag, Monarch conta que descobriu a tecnologia há três anos. "Eu sempre fui bom com Photoshop e costumava colocar o meu rosto no Ace Ventura, interpretado por Jim Carrey, em imagens estáticas. Quando vi que era possível fazer isso ao longo de todo um vídeo, pensei: preciso descobrir como", diz.

Foi então que o comediante se uniu a dubladores, como Joe Gaudet, que faz ‘’uma excelente voz de Schwarzenegger", para recriar cenas com a imagem do ator e ex-governador da Califórnia, nos Estados Unidos. As peças estão entre seus maiores sucessos neste um ano e meio.

Além das diversas manipulações feitas com a imagem de Schwarzenegger em suas redes sociais, Monarch também tem produções envolvendo outros rostos, músicas e cenas famosas. Mas ele afirma que as cenas envolvendo o ator são as preferidas da audiência.

Para fazer as uniões improváveis que agradam seu público, o comediante cria cada peça a partir do seguinte raciocínio: se considerar que o ex-governador da Califórnia vai parecer ridículo em algum contexto, é ali que tenta encaixá-lo. Até agora, não teve problemas pelo uso de imagens como a do ator. Schwarzenegger até mesmo já interagiu com suas publicações. "Se ele pedisse, eu pararia de fazer", diz.

O comediante diz, ainda, que a reação do público é incrível. "Quando comecei a fazer deepfake, eu tinha 30 mil seguidores no Instagram. Em dezembro do ano passado, eu tinha 100 mil, e seis meses depois, já são 300 mil pessoas me acompanhando", conta. Monarch também soma 125 mil inscritos em seu canal no YouTube, 98,8 mil no TikTok, 5 mil no Twitter, e 19 mil no Facebook.

As dificuldades neste tipo de trabalho, aponta, estão no tempo empregado para desenvolver cada manipulação. Isso porque para montar as cenas é preciso editar camadas da imagem original, o rosto adicionado, a dublagem, entre outros aspectos, e deixar que o computador ‘’treine’’ e refine os movimentos da montagem por pelo menos uma semana para garantir a verossimilhança. "Não é como pegar uma imagem e estalar os dedos. A tecnologia ainda é muito lenta", explica.

Outro empecilho pode ser a escolha da cena usada como base e o rosto adicionado. Uma simples diferença entre os tamanhos dos narizes dos caracteres pode inviabilizar um bom resultado.

Mas assim como a manipulação de vídeos com encaixe de rostos e vozes aleatórios em diferentes contextos podem gerar graça, também podem gerar problemas. O nível de fluidez da tecnologia é tão grande, que diferenças podem passar despercebidas e confundir a audiência, fomentando o debate sobre a ética e o perigo das fake news.

O comediante diz ao #Hashtag que os riscos no uso inadequado das tecnologias antecedem ao deepfake, quando pessoas mal intencionadas já produziam imagens estáticas falsas. "O que vemos é evolução para falsos vídeos pornográficos ou políticos, por exemplo. Eu não concordo com nada que tente convencer outras pessoas de que aquilo é real", diz.

Sobre temas sensíveis, o humorista defende a liberdade de expressão e critica o que chama de cultura "woke". Woke, que vem do verbo "acordar", em inglês, significa estar consciente de temas sociais e políticos, como o racismo.

"Não me entenda mal, eu não acho que é errado estar alerta a respeito de determinadas coisas. Mas penso que não deveríamos nos preocupar com algumas coisas quando estamos no palco. Não é política, é só comédia", diz.

Monarch, que já participou de programas de comédia em episódios esporádicos, atua essencialmente em performances ao vivo, mas diz que gostaria de mesclar stand-up e deepfake. Atualmente, ao lado de Joe Gaudet, ele desenvolve um projeto de Deep Cranks, que classificou como "o estilo de Crank Yankers", um programa do canal Comedy Central, em que pessoas famosas dublam fantoches. "É a mesma ideia, só que com deepfakes", diz.

Apesar de tudo, o comediante lembra que não é um ator, e seus planos na comédia têm a ver apenas com fazer as pessoas rir.

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