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Passaporte da propina é a iniciativa do centrão para combater o negacionismo

Superfaturamento, chantagem e maletas de dinheiro estão na lista dos imunizantes que garantem acesso ao certificado

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Agora é oficial: para embarcar no Centrão, o deputado precisa comprovar que está em dia com todas as doses da imunidade parlamentar.

Para tirar o passaporte da propina e garantir o certificado, foi criada uma Taxa Especial de Aquiescência (TEA) no valor de R$ 200 mil. O valor será exigido de cada deputado interessado em adquirir o documento para entrar no Centrão e será subtraído do orçamento da União diretamente para o Orçamento Paralelo.

"Não aceitaremos tratamento com hidroxipropina. Não tem comprovação científica. Aqui, a gente só trabalha com a ciência", apressou-se em explicar o deputado Delegado Pixuquinha, enquanto mostrava pesquisas e gráficos.

"Há um enorme valor higiênico no passaporte da propina. É um dispositivo que vai garantir que o Centrão não será contaminado por essa coisa asquerosa que a grande mídia chamou de ‘interesse público’", completou.

Com um exemplar da revista Nature nas mãos, a deputada Sandrinha da Costa Verde fez um alerta: "Nós aqui do Centrão estamos vacinados contra as demandas da população! Mas temos que ficar atentos às variantes. Tem essa nova cepa de solidariedade aí que é um perigo", ponderou.

Além de Lexotan na veia, os deputados do Centrão correram para aprovar um projeto de lei que lhes assegura acesso irrestrito a outros tratamentos precoces para evitar recaídas. "Acabamos de aprovar o auxílio-óleo-de-peroba que vai evitar rugas de preocupação, além de garantir noites de sono e a saúde dos nossos sorrisos", celebrou o pastor Kléston Albuquerque, segurando uma Bíblia. Em seguida, citou um versículo que, segundo a sua interpretação, legitima o passaporte da propina.

Ilustração representando um passaporte estampado com uma pilha de barras de ouro
Ilustração publicada em 16 de dezembro de 2021 - Débora Gonzales

No final da tarde, mais uma validação científica tomou corpo. Um estudo conduzido pela Fiocruz comprovou, de forma inequívoca, que rachadinha é corrupção e, portanto, os rachadores têm acesso garantido ao passaporte da propina.

Empregar os parentes em cargos públicos, garantir verbas para as cidades administradas por familiares, superfaturamento, chantagem, maletas de dinheiro, lobby, prevaricação e até os clássicos desvios de dinheiro público também estão na lista dos imunizantes que garantem acesso ao certificado.

"Estamos trabalhando para ampliar a lista", garantiu o deputado Diástole Torres.

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