Descrição de chapéu astronomia

EUA curtem eclipse solar com experimentos, pipoca e até brincando com goldens

Para quem não conseguiu se programar, camelôs montaram barraquinhas vendendo óculos a US$ 5

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Washington

O eclipse virou uma desculpa para americanos fazerem festa nesta segunda-feira (8). Eventos gratuitos e pagos, em diversas cidades, foram organizados para assistir ao fenômeno. Entre as atrações, experimentos científicos, pipoca de graça e até a chance de brincar com golden retrievers.

Em Cambridge, Massachusetts, a cidade organizou um evento chamado "Total Eclipse of the Park", uma brincadeira com a clássica música "Total Eclipse of the Heart". O nome não está totalmente correto, já que o eclipse será parcial ali —93% de cobertura do Sol—, mas ainda assim atraiu centenas de pessoas no parque Kingsley.

Pessoas olhando para o eclipse
Pessoas usam óculos para assistir ao eclipse solar parcial em 8 de abril de 2024 em Niagara Falls, Nova York. Milhões de pessoas têm se dirigido para áreas em toda a América do Norte que estão na 'faixa de totalidade' para experimentar um eclipse solar total - Adam Gray/Getty Images via AFP

As primeiras pessoas começaram a chegar por volta das 13h no horário local (14h em Brasília) carregando cobertores, toalhas de piquenique e cadeiras. A organização do evento prometeu distribuir gratuitamente óculos adequados para assistir ao eclipse.

Segundo o guarda-florestal Tim Puopolo, um dos coordenadores da festa, foram encomendados mil óculos para serem distribuídos a partir das 14h —mas, uma hora antes disso, ele já se mostrava ansioso se a quantidade seria suficiente.

Além da atração principal da tarde, a cidade montou uma programação com uma banda folk, um telescópio, experimentos científicos sobre o universo para crianças, artesanatos e pipoca de graça.

A concorrência na área não estava de brincadeira: outro evento, em uma fazenda de cachorros da raça golden retriever, oferecia o combo de ver o eclipse e brincar com os bichos.

Para os mais blasés —Cambridge, afinal, é sede de Harvard e do MIT—, foram organizadas festas em terraços de hotéis e restaurantes com drinques comemorativos do eclipse.

Quem não conseguiu fazer nenhuma programação tinha a opção de ver simplesmente da rua —camelôs montaram barraquinhas vendendo óculos a US$ 5 (R$ 25).

As brasileiras Maryana Dalmeida, 34, e Maria Clara Macena, 32, chegaram animadas ao parque Kingsley no início da tarde. Estudantes de odontologia na Boston University, elas chamaram a sala inteira da faculdade para acompanhar o eclipse —por sorte, tiveram uma tarde livre de aulas nesta segunda.

"Não sei se estou acreditando que vai ficar tudo tão escuro", diz Maria Clara.

"É uma experiência muito americana ver isso do parque", afirma Maryana.

Vinicius Ludovico, 42, levou ao parque a filha, Selma, 5. Engenheiro de projetos, ele mora em Cambridge há oito anos e conseguiu negociar uma tarde livre do trabalho para assistir ao eclipse.

Ele diz que pensou em ir a New Hampshire, estado próximo de Massachusetts onde o eclipse solar poderia ser visto em sua totalidade, mas se desanimou imaginando o trânsito para chegar lá.

É o segundo eclipse que ele viu na vida e o primeiro de Selma.

Os brasileiros comemoravam o clima ensolarado da segunda, após um final de semana frio e chuvoso.

A americana Kay, no entanto, contrastava com o clima de festa. Ao ser abordada pela reportagem, ela se mostrou a princípio hesitante: não quis dizer o sobrenome, falou que estava sem tempo. Quando entendeu que o veículo era brasileiro, não americano, se abriu: a empresa para qual trabalha não sabia que ela estava no parque.

Kay não conseguiu tirar uma folga, então veio ao parque munida de uma toalha de piquenique e um notebook. Além da repórter, era a única pessoa nas proximidades trabalhando durante o eclipse.

Já Sofia, 44, aproveitou que trabalha apenas meio período para organizar com as mães de outras crianças da escola na qual a filha de cinco anos estuda para fazer uma festa no parque. Cada uma combinou de levar óculo, comida e cobertores.

"Mas meus colegas de trabalho escaparam para Vermont", diz, suspirando —lá, o eclipse pôde ser visto em sua totalidade —ou seja, com a Lua cobrindo totalmente o Sol.

"O que quer que o Universo ofereça, é isso que eu vou ver", afirma Mary, uma senhora em seus 70 anos —ela não quis dizer a idade— sentada em uma cadeira sozinha.

Foi o segundo eclipse que presenciou na vida, mas o primeiro foi há muitas décadas, em Nova York, então ela considera como se fosse viver a experiência pela primeira vez, de novo.

O máximo de cobertura aconteceu pouco antes das 15h30 no horário local (16h30 no horário de Brasília). Apenas uma estreia faixa de Sol ficou visível do lado esquerdo da Lua.

Dois minutos antes, os organizadores avisaram por microfone para todos ficarem atentos e explicou o que estavam prestes a ver: algo que não acontecerá mais na região até 2079.

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.