Alvaro Costa e Silva

Jornalista, atuou como repórter e editor. É autor de "Dicionário Amoroso do Rio de Janeiro".

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Descrição de chapéu Governo Lula STF TSE

Bolsonaro, um libertário em causa própria

Mais do que nas ruas e redes, bolsonarismo é forte no Congresso

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O ato com público decepcionante em Copacabana não pode servir de parâmetro, não significa que a fé cega em Bolsonaro —professada tanto por quem mora longe como perto da praia— esteja perdendo o gás. Recente pesquisa mostra que o prefeito Eduardo Paes, candidato à reeleição, tem 42% das intenções de voto, enquanto Alexandre Ramagem, do PL, já aparece com 31%.

Além de atrapalhar o lazer dos banhistas, a manifestação funcionou como culto religioso dominical, com citações do Velho Testamento, ataques ao Supremo, elogios à testosterona e acenos em inglês à extrema direita transnacional. Inelegível e enroladíssimo na Justiça, Bolsonaro, quem diria, não mais defende a ditadura ou o golpe de Estado, inventou uma democracia sui generis para tentar safar-se da cadeia. Um libertário em causa própria.

Mais do que nas ruas ou nas redes —estas sujeitas à manipulação de robôs—, a força concreta do bolsonarismo reside nas entranhas do Legislativo. Disposto a garantir sua sucessão na presidência da Câmara, Arthur Lira usa o cronograma da reforma tributária como barganha e guarda na cartola coelhos em formato de comissões parlamentares de inquérito. Em caso de qualquer contrariedade, está aberto o espaço para a oposição.

A mais suculenta das CPIs investigaria um suposto abuso de autoridade no STF (leia-se ministro Alexandre de Moraes). Mal formulou a ideia, Lira desistiu, e não porque Moraes o procurou para conversar, mas porque lhe sopraram a inconstitucionalidade da comissão.

De onde Lula não esperava, veio a maior facada, a pauta-bomba. De olho na eleição a governador de Minas em 2026, o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, insiste na PEC do Quinquênio, que prevê um aumento automático de 5% a juízes e promotores —penduricalho aviltante para a maioria dos trabalhadores— e poderá ter um impacto de dezenas de bilhões nos cofres públicos.

A charge de Marília Marz, de título "PEC do Quinquênio" mostra um homem de terno olhando para uma pilha de dinheiro correspondente ao seu salário e dizendo: "Hmmm...achei pouco.". A pilha de dinheiro vai do chão ao teto, que está rachando com a pressão.
Marília Marz/Folhapress

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