Bia Braune

Jornalista e roteirista, é autora do livro "Almanaque da TV". Escreve para a Rede Globo.

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Bia Braune

Está difícil acompanhar tantas séries? Quer parar de sofrer? Eu posso ajudar

Os mais de cem episódios de 'Lost' mataram a espectadora ingênua que nasceu com "Armação Ilimitada" e 'A Gata e o Rato'

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Primeiro, esperei o defunto esfriar. Ali, estirado no menu de opções, entre "Amor e Morte" e "A Sete Palmos". Com paciência, aguardei que o cortejo de lamúrias passasse pelo Instagram dos amigos e pelas postagens chorosas no Facebook.

Depois, resignei-me às ladainhas presenciais das carpideiras do streaming, inconsoláveis em mesas de bar e de café.

Quando todas as missas de sétimo dia foram devidamente celebradas nos templos especializados —Variety, Collider, The Hollywood Reporter e a página do Choquei—, eis que enfim me senti pronta. Agora que ela acabou, posso começar a ver a série "Succession".

No cartum de Marcelo Martinez: após o período de hibernação, dois usos conversam. Um deles está com cara de sono e diz: "Na verdade, aproveitei esse tempinho pra colocar as séries em dia!."
Ilustração de Marcelo Martinez para coluna de Bia Braune de 5 de junho de 2023 - Marcelo Martinez

"Ah, então você não sabe que o..." Shhhh, sem spoilers. Estou há quatro temporadas fugindo deles como quem desvia de boladas na queimada. Eu, que dei o melhor para terminar "White Lotus" com atraso. "Gente, mas qual é o seu problema?" Numa única palavra? "Lost".

Acompanhar uma série já é algo que exige não apenas interesse, mas sobretudo "sofá" —esse estado móvel de espírito com ócio, pipoca, celular no silencioso e Shonda Rhimes. Quando são duas ou mais para ver, vira trabalho não remunerado, cheio de obrigações e horas extras com Pedro Pascal.

(Dessa parte aí nem reclamo. Inaceitável mesmo foi "The Crown" escalar um Charles lindo feito um James Bond.)

"Lost" matou em mim a telespectadora ingênua que nasceu vendo "Armação Ilimitada" e "A Gata e o Rato". Seis anos de angústias com escotilhas, fumaças e monstros, mas sem o Tattoo da "Ilha da Fantasia" tocando empolgado o sino. Cento e vinte e um episódios para descobrir, no fim, que não valeu a pena seguir os showrunners —eles também se perderam.

Amarga e exausta, achei um antídoto para a ansiedade de "hypar" novidades com delay de pelos menos quatro décadas: maratonei "The Mary Tyler Moore Show", de 1970.

Esse verdadeira epifania retroativa, que segue moderna, feminista, engraçada. E com looks perfeitos para festas temáticas, inspirados pelo gorro que ela joga para cima nos créditos e não deixa cair até hoje.

Fica a dica: relaxe. Guarde séries feito formiga que estoca episódios do "Besouro Verde" para o inverno. Vá de "Super Vicki", "Dawson’s Creek" e "O Barco do Amor". Bote fone nos debates, emita "hums" avoados e deixe o hit do momento morrer, sabendo que antes de "Succession" houve "Dallas", depois do Fantástico.

Musiquinha de abertura arrepiante e tudo.

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