Claudio Bernardes

Engenheiro civil e vice-presidente do Secovi-SP, A Casa do Mercado Imobiliário

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As lições japonesas no investimento em infraestrutura urbana

Uma das questões importantes é a necessidade de investir em projetos de redesenvolvimento e expansão vertical

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Os investimentos em infraestrutura devem maximizar os benefícios de longo prazo oriundos da urbanização e do crescimento econômico. Mas, ao mesmo tempo, minimizar as consequências indesejáveis e os riscos que possam advir dessa implantação.

Relatório publicado pelo Banco Mundial, em associação com Tokyo Development Learning Center, avalia a qualidade dos investimentos japoneses em infraestrutura, levando em conta seis aspectos principais: desenvolvimento sustentável, eficiência econômica, meio ambiente, resiliência, considerações sociais e governança.

Uma das questões importantes levantadas como resultado dessa avaliação foi a necessidade de investir, liberando o potencial econômico das cidades com projetos de redesenvolvimento e expansão vertical. À medida que as cidades crescem, a ênfase muda, gradualmente, do novo desenvolvimento para o redesenvolvimento em áreas centrais.

Tendo concluído grande parte do novo desenvolvimento nas décadas de 1960 e 1970, o Japão concentrou-se na utilização do espaço aéreo e do subterrâneo não utilizado para puxar o desenvolvimento. A evolução de processos tecnológicos e adequações legais foram fundamentais para alcançar esse objetivo.

A expansão horizontal e a poluição ambiental foram as principais consequências indesejáveis do processo de urbanização pós-guerra no Japão, e os impactos negativos tornaram-se aparentes logo após o rápido processo de redesenvolvimento das áreas urbanas.

Para conter a expansão urbana horizontal, o governo japonês fez importante revisão na legislação urbanística e introduziu regulamentos industriais expandindo o escopo das políticas ambientais, utilizando o monitoramento e a avaliação periódica como instrumentos de governança ambiental sobre o desenvolvimento da infraestrutura.

Um inevitável custo a longo prazo é a manutenção e a substituição da infraestrutura obsoleta. Em função do crescimento das construções no Japão pós-guerra, 50 anos mais tarde explodiram os custos com manutenção e substituição. Dessa forma, tendo esse fato como aprendizado, ao considerar os custos do ciclo de vida antecipadamente na fase de projeto, as cidades podem planejar melhor e escalonar suas despesas com manutenção. Além disso, se a expectativa de vida útil do edifício ou da infraestrutura é estendida como resultado da otimização da operação em seu ciclo de vida, seguramente as cidades se beneficiam.

O envelhecimento da população é uma das questões mais urgentes para a sociedade japonesa hoje. A porcentagem da população com mais de 65 anos subiu de 10,3% em 1985 para 28,1% em 2018. Em 2065, espera-se que o número aumente ainda mais, chegando a quase 40%. As cidades japonesas estão lutando para acomodar essa mudança demográfica, revitalizando as áreas centrais das cidades, e utilizando abordagens inovadoras para torná-las mais amigáveis aos idosos.

A cidade de Toyama está tratando desse problema como parte de sua iniciativa de tornar a cidade compacta, por meio de uma abordagem integrada de transporte e planejamento urbano. Promovendo o desenvolvimento da área central, e ao longo dos corredores de transporte, a cidade está tendo sucesso encorajando os cidadãos, principalmente os idosos, a saírem de suas casas e desfrutar atividades ao ar livre.

Para melhorar a resiliência, minimizando o impacto negativo dos desastres, as cidades devem tentar melhor compreender suas consequências diretas e indiretas. Depois de sofrer com um devastador terremoto em 1995, os planejadores japoneses concentraram-se, principalmente, na prevenção de desastres. No entanto, mesmo os cuidados na construção de novos edifícios não foram suficientes para proteger a vida das pessoas do terremoto e tsunami em 2011. Recentemente, a ênfase está mudando da prevenção de desastres para a resiliência a desastres.

Edifícios são projetados para evitar que estruturas em colapso causem danos aos seres humanos, e o governo, além de preparar vários planos de evacuação, está dando continuidade ao processo de sensibilização da população para essas questões.

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