Claudio Bernardes

Engenheiro civil e vice-presidente do Secovi-SP, A Casa do Mercado Imobiliário

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ONU aponta adensamento mínimo como estratégia para o desenvolvimento sustentável

Para a entidade, é preciso concentrar pessoas e suas atividades

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O rápido crescimento das áreas urbanas em todo o mundo trouxe uma série de benefícios, mas ele veio acompanhado de problemas, tais como, uso ineficiente do solo, baixas densidades, alta dependência do automóvel e da segregação de usos, fatos que resultam numa fragmentação ineficiente do espaço urbano com consequências danosas para o desenvolvimento sustentável das cidades.

Preocupada em garantir que as cidades do futuro possam solucionar esses problemas construindo um relacionamento sustentável entre os cidadãos e o espaço urbano, a ONU-Habitat propõe uma abordagem para refinar as teorias de planejamento, baseando-se em cinco princípios que, por sua vez, objetivam as três principais características para as cidades e seus bairros: compacidade, integração e conectividade.

Dentre os princípios elencados está a necessidade do estabelecimento de um adensamento mínimo no planejamento das cidades.

Prédios e casas no bairro do Tatuapé, zona leste de SP. Em destaque o edifício Residencial Figueira Altos do Tatuapé - Eduardo Knapp/Folhapress

Segundo o relatório da ONU, para prevenir a expansão territorial urbana e promover o desenvolvimento sustentável é necessário atingir alta densidade, que é a base de bairros sustentáveis. Alta densidade significa, essencialmente, uma concentração de pessoas e de suas atividades em patamares mínimos desejáveis.

De acordo com o relatório, a ONU define como adensamento mínimo para que a cidade atinja os objetivos de compacidade, integração e conectividade com valor de 15.000 habitantes por km2 de área urbana ocupada.

Uma das questões primordiais levantadas envolve desenvolvimento adequado de uma rede viária que não funcione apenas para veículos e transporte público, mas que objetive especialmente atrair pedestres e ciclistas.

Esse modelo deve incluir a hierarquia das vias estruturais, arteriais e ruas locais, com base em diferenças de velocidade de tráfego. A rede viária molda a estrutura urbana que, por sua vez, define o padrão de desenvolvimento de quadras, ruas, prédios, espaços abertos e paisagem.

O relatório segue comparando as vantagens econômicas, sociais e ambientais do adensamento em relação a modelos de baixas densidades. O uso eficiente do solo diminui a expansão urbana, porque a alta densidade de bairros pode acomodar mais pessoas por área; os custos de serviço público são reduzidos; criam-se condições para um melhor serviço comunitário; existe uma clara redução da dependência de carros e demanda por estacionamento, com o consequente aumento do uso de transporte público; torna-se possível o aumento da eficiência energética e a diminuição da poluição.

Entretanto, o estudo enfatiza que embora um bairro adensado, além das características apontadas, possa ser seguro e confortável, é imprescindível um plano de boa qualidade e um desenho urbano adequado para que as altas densidades sejam viabilizadas.

Outro princípio apontado no relatório é a limitação do uso do solo monofuncional nos bairros, sendo desejável que sejam implementadas políticas de uso misto do solo. No nível da cidade, a utilização do conceito de bairros monofuncionais é a fonte dos desafios urbanos contemporâneos, incluindo congestionamento da cidade, segregação, dependência de carros etc.

Planejamento e gerenciamento cuidadoso devem prever o equilíbrio entre a diversidade econômica e o uso residencial. Segundo o relatório da ONU, é recomendável que blocos de uso monofuncional não cubram mais que 10% de qualquer bairro.

A alta densidade fornece a base populacional e potencial de desenvolvimento para as atividades econômicas e sociais em um bairro sustentável; uso misto do solo e diversidade moldam a vida social no bairro.

O desenvolvimento urbano sustentável deve estar calcado no equilíbrio entre o crescimento populacional, crescimento econômico e ocupação territorial coerente, na busca por um novo sistema urbano, onde população e infraestrutura urbana integram-se a um modelo que privilegie economias de escala, diversidade social e pluralidade de atividades no uso do solo.

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