David Wiswell

Escritor, roteirista e comediante americano

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Governo Biden Partido Republicano

Divisões internas entre republicanos multiplicam seus problemas

Conflitos podem ser difíceis de resolver; não é fácil pôr em votação crença oficial do partido na fraude eleitoral

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O Partido Republicano, no passado solidamente unificado em seus esforços para ignorar os doentes, sufocar os pobres e semear a guerra entre todos em nome de Jesus, agora, lamentavelmente, dá
sinais de estar se fraturando.

Desde contendas sobre quem será o líder do partido até a falta de apoio em grandes convenções, de narrativas midiáticas conflitantes a batalhas judiciais entre correligionários e desavenças sobre plataformas e crenças partidárias, a discórdia cresce no seio do partido.

O ex-presidente dos EUA Donald Trump antes de discurso na CPAC (Conferência de Ação Política Conservadora, em inglês), no Centro de Convenções Nacional & Resort Gaylord, em National Harbor, Maryland - Anna Moneymaker - 4.mar.23/Getty Images/via AFP

Mas matematicamente, como a multiplicação de divisões internas do partido se somam à equação geral? (Caso você não aprecie trocadilhos matemáticos, prometo que eles podem ser subtraídos.)

O ponto forte dos republicanos sempre foi sua capacidade de trabalhar em conjunto. A esquerda não é tão boa em matéria de concessões. Somos tão sabichões que muitas vezes entramos em guerra dentro de nossa própria sigla para decidir quem tem mais razão. Que, é claro, todos sabem, sou eu.

Enquanto isso, a direita reúne muitos eleitores que só se preocupam com uma única questão, e une posições aparentemente contraditórias em um mesmo pote para produzir uma festa Frankenstein.
O povo que promove a guerra e o povo que defende Jesus se dão bem, os monstros corporativos e a classe trabalhadora se dão bem, e até quem é contra o aborto e o pessoal que defende a liberdade de escolha conseguem se entender!

Eles são como os ornitorrincos da política. Põem ovos (ou projetos de lei) que violam os direitos humanos, mas que saem de rabos mamíferos de onde jorra uma retórica populista que diz querer o bem do povo.

Ultimamente, não tem sido assim. Na esteira da derrota de Donald Trump nas eleições e do desempenho inferior ao previsto da legenda nas midterms passadas, há brigas internas em torno de como proceder.

Republicanos moderados e da linha-dura estão se enfrentando com cada vez mais frequência em muitos dos maiores condados e em vários estados-pêndulo —onde o partido vencedor costuma mudar a cada pleito—, como Michigan, Arizona e as Carolina do Norte e do Sul. Os motivos das desavenças vão desde a validade das eleições até ativos do partido, de regras das primárias a plataformas básicas da sigla.

Alguns desses enfrentamentos estão inclusive levando a batalhas acaloradas na justiça. Em Hillsdale, Michigan, negacionistas eleitorais de extrema direita chegaram a recorrer a guardas armados para impedir moderados de entrarem numa reunião do condado, ameaçando acusá-los de invasão.

Esses conflitos podem ser difíceis de resolver. Por exemplo, não é exatamente fácil pôr em votação a crença oficial do partido... na fraude eleitoral.

A desunião também se manifesta numa importante convenção de ativistas conservadores, o CPAC, que apoia Trump. Muitos conservadores eminentes e até mesmo a Fox News —que agora apoia o maior rival de Trump nas primárias, o governador da Flórida, Ron DeSantis— se negaram a comparecer.

O próprio termo "ativista conservador" soa contraditório, uma vez que traz à mente imagens de uma espécie de Greta Thunberg republicana vociferando contra o fato de que, se não deixamos de agir apropriadamente já, ainda pode restar algum meio ambiente em 30 anos! Usando slogans como "precisamos fazer nada... AGORA!". Ou falando de como ainda há crianças famintas lá fora que não estão tendo seu trabalho explorado. Porque "as crianças são nosso futuro!" (principalmente graças ao potencial ainda não explorado de produzir petróleo com seus ossos!).

Para nós, democratas, a discórdia republicana representa não só uma oportunidade de capitalização, como de aprender uma lição nuançada sobre concessões. É isso que tem permitido aos republicanos continuar competitivos nas eleições, apesar do aparente desprezo deles por sua base eleitoral, a julgar por suas políticas.

Mas isso é possível? Parece que o segredo está em aprender a fazer concessões com base em metas comuns, sem comprometer nossa integridade —e, assim, evitar pôr ovos podres como o negacionismo eleitoral. Basicamente, precisamos optar por só uma espécie. De preferência humana, mas estou aberto a sugestões.

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