Dora Kramer

Jornalista e comentarista de política

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Descrição de chapéu Governo Lula

Desatinos de resultado

Algumas das gafes do presidente são despropósitos ditos com o propósito de autodefesa

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Nem todas as impropriedades pronunciadas pelo presidente Luiz Inácio da Silva devem ser incluídas no rol das gafes, dos meros despropósitos. Estes pertencem mais ao universo da "quase lógica do senso comum", sobre o qual discorreu a cientista política Luciana Veiga ainda no primeiro mandato de Lula.

Dizia a acadêmica que o presidente usava argumentos que pareciam lógicos segundo noções genéricas do cotidiano, mas não resistiam ao cotejo com a realidade. Na época, Luciana citou uma declaração dele atribuindo um maremoto na Ásia à reação dos maus-tratos para com a natureza.

O presidente Lula discursa em visita recente a Cuba - Yamil Lage/AFP - AFP

Algo parecido com a relação agora estabelecida por Lula entre o terremoto no Marrocos e as mudanças climáticas, cuja comprovação não guarda abrigo na ciência. Tal tipo de raciocínio raso não se inscreve na lista de algumas das manifestações do presidente neste terceiro mandato.

Há propósito nas palavras ao vento recentemente ditas pelo mandatário. Elas obedecem a objetivos particulares concretos. Quais sejam, primordialmente os de autodefesa e autoproteção.
Quando diz que o país deve desculpas a Dilma Rousseff pelo impeachment, busca fugir da responsabilidade pela imposição da candidatura; quando defende sigilo aos votos no STF, quer se proteger das críticas à indicação de Cristiano Zanin.

Quando desqualifica o Tribunal Penal Internacional, almeja amenizar sua condescendência para com as ações de Vladimir Putin.

Quando desdenha da entrada do centrão no governo em posse trancada no gabinete, sem direito a discursos festivos, procura dizer que não tem culpa pelas circunstâncias, como se não tivesse o poder de inovar na fórmula.

Que se digam as coisas com todas as letras: os disparates do presidente têm método e o intuito de reescrever a história ao seu favor, em louvor dos próprios desígnios.

Não há razão para sacralizá-lo, vez que como nós, os demais humanos, Lula não é santo.

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