Edgard Alves

Jornalista, participou da cobertura de sete Olimpíadas e quatro Pan-Americanos.

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Após escândalo de doping, Rússia volta ao movimento paraolímpico

Reintegração ao Comitê Paraolímpico Internacional será formalizada em março

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O IPC (Comitê Paraolímpico Internacional), presidido pelo brasileiro Andrew Parsons,  adiantou que decidiu levantar condicionalmente a suspensão imposta ao RPC (Comitê Paraolímpico Russo), em agosto de 2016, por violações às normas antidoping. Essa posição será formalizada até 15 de março e deverá vigorar até dezembro de 2022.

A punição impediu que a Rússia tivesse representantes nas Paraolimpíadas de verão do Rio, em 2016, e de inverno de PyeongChang, em 2018, bem como em outros eventos no período. A partir de agora, as portas voltam a abrir-se para os russos, que poderão competir na Paraolimpíada de Tóquio, no segundo semestre do ano que vem. Fica livre também o caminho para o restabelecimento de relações com entidades esportivas internacionais.

Por que a liberação não é irrestrita, ampla? A Rússia ainda está obrigada a cumprir uma série de normas determinadas pelo IPC. Seus atletas, por exemplo, serão monitorados pela Wada (Agência Mundial Antidoping) e os custos de testes adicionais deverão ser cobertos pelo comitê russo. Entre as orientações de governança, nenhum funcionário do governo poderá exercer qualquer função no RPC.

Para a sua reabilitação, os russos cumpriram 69 de 70 critérios estabelecidos pelo comitê internacional. Continua em aberto a exigência do IPC para que a Rússia dê uma resposta adequada às conclusões do Relatório McLaren, que apurou as suspeitas de violações das regras.

O relatório, resultado de investigação solicitada pela Wada (Agência Mundial Antidoping), revelou uma provável participação estatal no processo de acobertamento de doping, suspeita que o governo russo refuta com veemência. O escândalo envolveu o uso de substâncias proibidas por esportistas russos e procedimentos condenáveis no controle antidoping na Olimpíada de Inverno-2014, em Sochi.

O escândalo impactou o esporte russo em geral. Na Olimpíada do Rio, atletas russos limpos, sem qualquer registro de doping em suas carreiras, puderam competir. O COI deixou a participação russa a critério da federação internacional de cada esporte. A Iaaf (Associação Internacional das Federações de Atletismo) insiste até hoje na manutenção do impedimento dos russos em eventos da modalidade.

Logo a seguir, na Paraolimpíada, também no Rio, o veto foi para todos os russos, dirigentes e paratletas, fato que se repetiu nos Jogos Paraolímpicos de Inverno quatro anos depois na Coreia do Sul. Diferentemente, pouco antes, na Olimpíada de Inverno na mesma PyeongChang, o COI liberou a participação de russos com histórico limpo sob a denominação “Atletas Olímpicos da Rússia”, mas com uniforme neutro, hino olímpico nas cerimônias de medalha de ouro e hasteamento da bandeira olímpica.

Os posicionamentos das organizações internacionais, responsáveis pela Olimpíada e pela Paraolimpíada,  foram diferentes. O IPC teve uma postura mais radical, dura, enquanto o COI agiu com menos rigor, ou melhor, ficou um pouco em cima do muro. Confuso, não é?

Na avaliação do Comitê Paraolímpico Internacional, a suspensão não é mais necessária e proporcional às violações, com punição aos competidores. Entretanto, espera-se que as lições do episódio não caiam no esquecimento. Além disso, o esporte olímpico russo também foi reintegrado pela Wada, embora a decisão tenha sofrido críticas de vários dirigentes e esportistas.

De todo modo, a Rússia está retornando ao movimento paraolímpico internacional. A cartolagem, enfim, encontrou uma saída para o cruel impasse. Não definitiva, é verdade, e que não apaga a mancha do escândalo, mas deixa o esporte um pouco menos amargo.

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