Edgard Alves

Jornalista, participou da cobertura de sete Olimpíadas e quatro Pan-Americanos.

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Marta, Formiga e Cristiane deixam rivais do Brasil temerosas

Até a Olimpíada, a experiência deve prevalecer como ponto forte da seleção

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O espaço ocupado pelas mulheres no futebol reserva muita expectativa para este ano olímpico, após o sucesso alcançado na temporada passada. O Mundial feminino, na França, em meados do ano, registrou audiência recorde. As disputas foram acompanhadas por 1,1 bilhão de pessoas, segundo dados da Fifa sobre audiência de TV e internet.

A seleção brasileira estava lá. Caiu nas oitavas diante das anfitriãs, por 2 a 1, na prorrogação. Portanto, jogo duro. A equipe dos Países Baixos (denominação adotada pela Holanda) foi vice, superada pelo time dos EUA, destaque da modalidade, com quatro títulos nas oito edições do evento.

Marta comemora gol diante da Itália, na Copa do Mundo da França, em 2019
Marta comemora gol diante da Itália, na Copa do Mundo da França, em 2019 - Bernadett Szabo/Reuters

Mesmo sem pódio, o desempenho das brasileiras na Copa serviu para mostrar que o time é candidato a uma boa campanha na Olimpíada de Tóquio. Restam cerca de seis meses para a abertura dos Jogos. Logo após o Mundial, o Brasil trocou o comando da seleção até então ocupado por Oswaldo Alvarez, o Vadão.

Contratou para o posto a sueca Pia Sundhage, 59, bicampeã olímpica (2008 e 2012) com os Estados Unidos e prata com a Suécia na Rio-2016. A treinadora assumiu o posto com o Brasil classificado para os Jogos Olímpicos.

O passaporte para Tóquio foi carimbado na conquista do título da Copa América. Portanto, sem a pressão de ter de lutar por uma vaga, a preparação está voltada para a futura campanha no Japão.

Em suas declarações, as jogadoras estão otimistas sobre as possibilidades de garantir um lugar no pódio. Sob nova direção, o time ganhou empolgação por causa de vitórias em jogos amistosos. A seleção, que vinha em 11º no ranking da Fifa, recuperou posição entre as dez mais destacadas, aumentando o ânimo.

A lista, liderada pelos Estados Unidos, tem a seguir Alemanha, Países Baixos, França, Suécia, Inglaterra, Austrália, Canadá, Brasil (9º) e o Japão. As brasileiras, tempos atrás, chegaram a ocupar o segundo lugar.

O conjunto impõe respeito no gramado e tem nível técnico elogiável, mas a carreira como atleta de várias de suas principais integrantes está no limite. Assim, uma das tarefas da treinadora será promover a renovação, que exige paciência e sabedoria. Até a Olimpíada, no entanto, a experiência deve prevalecer como ponto forte, fechando um ciclo marcado por sucessos e alguns tropeços.

A meia-atacante Marta, 33, eleita seis vezes pela Fifa como a melhor jogadora do mundo, continua sendo a principal estrela do time. Com ela, que também lidera com 17 gols a artilharia de todas as Copas, Formiga, 41, e Cristiane, 34, são outras craques que ajudam a manter as adversárias temerosas diante da seleção nacional.

O Brasil é atração em torneios de clubes na região. Com o Corinthians (vice brasileiro) ganhou a Copa Libertadores, em outubro passado. A Ferroviária (atual campeã nacional) terminou em segundo. Como se diz no futebol, o Brasil fez “barba e cabelo”.

O ramo feminino do futebol brasileiro sempre reclamou, e com total razão, da falta de apoio. A CBF (Confederação Brasileira de Futebol) é responsável pela organização da modalidade.

O quadro mudou levemente depois da conquista de medalhas de prata nas Olimpíadas de Atlanta-2004 e Pequim-2008 e na Copa da China-2007. Teve um respaldo acanhado, precisava de muito mais para ganhar espaço e ampliar o número de praticantes no país.

As disputas femininas começaram a despertar interesse mundialmente nas últimas décadas, aos poucos, e o Brasil não aproveitou devidamente a oportunidade para acompanhar o movimento. Várias de suas estrelas procuraram espaço no exterior. Por isso, a seleção resistiu num bom nível.

Mais recentemente foi criada uma nova abertura com a exigência de que clubes com times masculinos para se manterem em eventos de ponta organizem também equipes femininas.

Nessa onda, e aproveitando o entusiasmo despertado pelo recente Mundial, a CBF oficializou a candidatura do Brasil para concorrer ao direito de abrigar a Copa de 2023,  em oito cidades. Outros países também querem a sede, que terá uma definição em maio. A reivindicação da CBF não abordou estimativa de gastos.

Preconceitos que travam o futebol praticado por mulheres estão sendo derrubados, embora direitos –salários mais justos, por exemplo, entre vários outros pontos– não passem de promessas nunca cumpridas.

Pode levar algum tempo, espero que pouco, mas do jeito que a roda gira, a carruagem das moças boleiras chegará ao merecido destino. Enfim, elas estão no jogo para valer.

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