Edgard Alves

Jornalista, participou da cobertura de sete Olimpíadas e quatro Pan-Americanos.

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COB tem eleição com episódio esquisito e sob clima de insatisfação

É necessário promover um debate sobre o regulamento eleitoral do COB

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A cartolagem nacional e a comissão de atletas vão escolher nesta quarta-feira (7), com voto presencial, no Rio, os integrantes do comando do COB (Comitê Olímpico do Brasil), que dirigirão a entidade nas Olimpíadas de Tóquio, no ano que vem, e de Paris, em 2024.

A disputa eleitoral tem campanhas intensas nos bastidores, com o diferencial de contar com três chapas inscritas (não havia concorrência há cerca de quatro décadas). Com presidente e vice, são elas: Helio Meirelles Cardoso e Robson Caetano; Paulo Wanderley e Marco La Porta; e Rafael Westrupp e Emanuel Rego.

Hélio Meirelles é um dos candidatos à presidência do COB
Helio Meirelles é um dos candidatos à presidência do COB - Fabiano Veneza/Divulgação

Helio Meirelles, 68, é presidente da confederação nacional de pentatlo moderno e ex-secretário da Indústria e Comércio do Rio. Graduado em engenharia química e economia, trabalhou na Petrobras. Seu vice, o ex-velocista Robson Caetano, foi duas vezes medalhista olímpico.

Rafael Westrupp, 40, é presidente da confederação nacional de tênis. Tem o apoio do ex-ministro do Esporte Leandro Cruz, que atualmente está na Secretaria de Educação do Distrito Federal. Seu vice, o ex-jogador de vôlei de praia Emmanuel Rego, integrou até junho último a secretaria de Esportes do governo Jair Bolsonaro.

Rafael Westrupp é um dos candidatos à presidência do COB
Rafael Westrupp é um dos candidatos à presidência do COB - André Gemmer/Green Multimídia

Paulo Wanderley, 70, era vice e assumiu a presidência do COB em 2017, depois da prisão e renúncia de Carlos Arthur Nuzman. Foi presidente da confederação nacional de judô. Seu vice, Marco La Porta, dirigiu a confederação nacional de triatlo.

As especulações apontam Wanderley e La Porta, que buscam a reeleição, como favoritos. Nada assegura, no entanto, que o pleito esteja decidido por antecipação.

Há um sentimento difuso de insatisfação e desânimo nos meios desportivos, que enfrentam dificuldades econômicas pela fuga de patrocínios após o generoso ciclo que antecedeu os Jogos Olímpicos do Rio, em 2016.

O fim do apelo e das janelas de oportunidade e oportunismo gerados por aquele grande evento internacional colocou um freio no entusiasmo dos patrocinadores privados e principalmente das fontes estatais.

Apesar da secura de grande parte das fontes financeiras, o COB lançou mão de suas reservas neste semestre de eleição para bancar a viagem e estadia em Portugal de cerca de 200 atletas.

A excursão foi justificada como uma oferta de locais para treinamentos, compensando a impossibilidade de realizá-los no território nacional, que teve fechados temporariamente centros esportivos, por conta da pandemia do novo coronavírus.

Integrantes da Comissão de Atletas do COB, que conta com 12 votos na eleição
Integrantes da Comissão de Atletas do COB, que conta com 12 votos na eleição - Washington Alves/COB


Todos os candidatos anunciaram planos de reestruturação do COB, incentivo aos esportistas, busca de patrocínios e sonhos de um futuro promissor para o esporte e para os atletas.

Um fato causou incômodo e estranheza. Foi quando, um dia após o encerramento do prazo de inscrição das chapas, o advogado Alberto Murray, o primeiro que tinha abraçado publicamente a disputa, teve de anunciar que estava se retirando do processo.

É que seu vice, Mauro Silva, presidente da Confederação Brasileira de Boxe, desistiu de concorrer, sob a alegação de que não via chances de sucesso. Só que não tinha mais tempo para uma troca. Embora seja um exímio conhecedor das leis esportivas e regulamentos do setor, em especial os do próprio COB, Murray acabou surpreendido.

O caso pode não ter passado de um lapso ocasional, esquisito, mas não afastou a impressão de golpe ardiloso. A chapa é indivisível, sendo impossível a substituição de candidato após o prazo final de inscrição da mesma. Como a situação chegou a tal ponto?

O posicionamento de um único personagem tem força para fulminar com qualquer candidatura. Esse item do regulamento é uma arapuca. Necessário, e urgente, se faz promover um debate sobre o regulamento eleitoral do COB.

Transparência é importante nas relações humanas e nas entidades esportivas, repletas de histórias apimentadas. Ela traz credibilidade, que dá segurança aos atletas e confiança e incentivo aos patrocinadores.

O pleito

Votam os 12 integrantes da Comissão de Atletas do COB, os 35 representantes de confederações olímpicas, além dos dois membros brasileiros do Comitê Olímpico Internacional: Andrew Parsons, presidente do Comitê Paraolímpico Internacional, e Bernard Razman, ex-jogador da seleção nacional de vôlei.

A eleição poderá ter mais de uma votação para confirmar o vencedor com a maioria de 49 votos.

Na mesma oportunidade da escolha do presidente e do vice, a Assembleia-Geral irá eleger os membros Conselho de Administração, que é responsável pela definição da estratégia e pelas boas práticas de governança dentro do COB.

Fundado em 8 de junho de 1914, o Comitê Olímpico do Brasil é uma organização não governamental, filiada ao Comitê Olímpico Internacional. Trabalha na gestão técnica, administrativa e política do esporte nacional.

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