Em novembro de 2021, Luca de Meo, presidente global da Renault, veio ao Brasil para anunciar que a marca mudaria seu foco. Carros populares perderiam espaço no país, e modelos maiores e mais caros dominariam o portfólio.
A mudança, enfim, tem início com a nova geração do Megane.
É, na verdade, uma reestreia. O primeiro modelo da linha chegou por aqui há 25 anos, quando podia ser equipado com motores 1.6 ou 2.0, ambos a gasolina. Essa é uma diferença e tanto para o tempo presente: o atual, que traz o sobrenome E-Tech, é puramente elétrico.
Naquele distante 1998, a opção mais cara do hatch tinha preço sugerido de R$ 31,6 mil –corrigido pelo IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo), equivale a R$ 145 mil. É praticamente a metade do cobrado pelo novo Megane: R$ 280 mil.
O valor é competitivo no segmento de veículos elétricos premium, mas o desafio da Renault será relembrar o consumidor brasileiro do que a marca representava até o início dos anos 2000, antes de investir tudo em populares como Logan, Sandero e seus derivados.
Os argumentos para a reconquista incluem maçanetas embutidas nas portas dianteiras. Quando o motorista se aproxima do Megane E-Tech, os puxadores são projetados eletronicamente para fora.
Ao entrar na cabine, os ocupantes encontram revestimentos de tecido reciclado no painel frontal e em parte dos bancos. Há carpete nos porta-objetos e couro no volante, combinação típica de carros que frequentam a ponta mais cara nas tabelas de preços.
Os cromados estão bem distribuídos por dentro e por fora, como cabe a um carro de origem francesa. Outro ponto interessante é a posição das saídas de ar voltadas para o motorista: estão incorporadas ao quadro de instrumentos, como se fossem recortes na tela de LCD.
O projeto caprichado foi possível devido à adoção de uma plataforma dedicada a carros elétricos. Chamada CMF-EV, tem melhor distribuição de espaço –carros elétricos não precisam de um capô alongado, já que os motores são menores. Dessa forma, é possível fazer cabines amplas.
A potência equivale a 220 cv e, de acordo com a Renault, o novo Megane chega aos 100 km/h em 7,4 segundos. No uso urbano, a autonomia é de 495 quilômetros, diz a montadora. O cálculo é baseado na norma SAE J1634, utilizada pelo Inmetro.
As qualidades, contudo, não são exclusivas da marca francesa. O novo hatch médio elétrico tem concorrentes diretos igualmente bem equipados, como o BYD Yuan Plus (R$ 270 mil) e o Chevrolet Bolt EUV (R$ 280 mil).
A disputa ficará ainda mais acirrada em breve, com a chegada do Volvo EX30. Importado da China, o modelo estreia oficialmente em 2024 já com sucesso garantido: a pré-venda, que teve início há uma semana, acumulou mais de 1.000 pedidos em cinco dias. O preço parte de R$ 220 mil.
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