Quem é Rishi Sunak, mais rico que rei Charles e 1º não branco a liderar Reino Unido

Ex-secretário de Finanças assume liderança do Partido Conservador e vira aposta para salvar país europeu das crises

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São Paulo

Dono de uma fortuna pessoal tida como superior à de membros da família real britânica e descendente de indianos, Rishi Sunak, 42, o novo premiê do Reino Unido, é o político mais novo a assumir a liderança do país, uma das maiores economias da Europa, em pelo menos 200 anos.

Após conquistar apoio da maioria dos membros do Partido Conservador, Sunak vai se tornar nesta terça o sétimo político a assumir o cargo em 25 anos —com a responsabilidade de acalmar a turbulência que, em menos de quatro meses, derrubou dois de seus antecessores.

Rishi Sunak, novo líder do Partido Conservador do Reino Unido, deixa a sede da legenda em Londres após sua vitória ser anunciada - Hannah McKay - 24.out.22/Reuters

Sunak é um nome relativamente novo no xadrez político britânico. Ele foi eleito ao Parlamento pela primeira vez apenas em 2014. No referendo de 2016, iniciado por David Cameron, apoiou o brexit, a saída do Reino Unido da União Europeia (UE), consumada por Boris Johnson em janeiro de 2020. Em 2019, quando Boris chegou ao poder, Sunak foi indicado ao Tesouro e, no ano seguinte, assumiu a pasta das Finanças.

No início da pandemia, sua popularidade foi às alturas, depois de caber a ele o anúncio de um pacote de socorro de 350 bilhões de libras. Mas essa aprovação seria impactada neste ano, quando se revelou que ainda em 2020 ele compareceu a uma festa em Downing Street, sede do governo, ao lado de Boris. Os eventos, que catalisaram a crise do chamado "partygate" abalando a gestão conservadora, violavam regras então em vigor no lockdown britânico para conter o avanço da Covid.

Multado pela Polícia Metropolitana de Londres, Sunak emitiu comunicado em que pediu desculpas. "Entendo que, para figuras em cargos públicos, as regras devem ser aplicadas com rigor para manter a confiança da população. Respeito a decisão tomada e paguei a multa."

A fortuna do político conservador e de sua esposa, Akshata Murty, filha de um bilionário indiano do ramo da tecnologia, é estimada em cerca de 730 milhões de libras (R$ 4,3 bilhões), segundo o jornal The Sunday Times.

O montante é equivalente a mais que o dobro dos bens pessoais do rei Charles 3º e da rainha consorte, Camilla, avaliados em cerca de 350 milhões de libras (R$ 2,1 bilhões) —a conta não inclui o patrimônio da monarquia como um todo.

Sunak é a primeira pessoa não branca a assumir a liderança britânica, ainda que o assunto esteja longe de ser central em sua agenda política. Seus avós paternos e maternos são de Punjab, estado da Índia na fronteira com o Paquistão. De lá, emigraram para o Quênia e para onde hoje fica a Tanzânia. O pai de Sunak nasceu em Nairóbi, mas emigrou para o Reino Unido, onde conheceu a esposa, nascida em solo britânico.

No campo da imigração, um dos desafios de sua gestão, também parece se identificar mais com uma posição linha-dura que vinha sendo assumida por Boris e Liz Truss. Sunak apoia o plano de enviar imigrantes em situação irregular para Ruanda, amplamente criticado por organizações de direitos humanos. Em um debate, disse que não havia teor racista na vontade de que as fronteiras "sejam mais seguras e funcionem".

À BBC Sunak disse que não foi alvo de muitos casos de racismo, de modo que se considera sortudo. Mas também relatou um episódio de quando era adolescente e escutou ofensas racistas em uma lanchonete de fast food com os dois irmãos mais novos.

"Doeu e ficou na minha memória; você pode ser insultado de muitas maneiras diferentes", afirmou o futuro premiê. No entanto, seguiu, não é possível "acreditar que isso aconteça ainda hoje no Reino Unido".

Os pais de Sunak são um médico do sistema público de saúde e uma farmacêutica. Ele estudou em Oxford e em Stanford, duas das mais prestigiadas universidades do Reino Unido e dos Estados Unidos, respectivamente.

Sunak conquista o cargo com capital político renovado depois de perder corrida semelhante para Liz Truss no início de setembro. Não que a tradicional polidez britânica tenha permitido que ele celebrasse a derrocada da adversária —Truss renunciou após o fiasco de seu plano econômico, área em que Sunak é especializado.

Sua vitória foi cravada, ainda, pelo recuo de dois candidatos à liderança interna. Penny Mordaunt, ministra da Defesa no governo de Theresa May e atual cabeça do partido no Parlamento, não angariou apoio necessário para seguir na disputa. Boris, ex-premiê que caiu em desgraça após uma série de escândalos culminarem em sua renúncia, chegou a ensaiar um retorno ao poder —sua popularidade superava a de Truss— mas também abandonou a corrida no domingo (23).

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