O Flamengo pode vencer e não será zebra.
O Flamengo corre o risco de levar uma goleada, como o Santos contra o Barcelona, em 2011.
Uma vitória brasileira é impensável contra os europeus.
Eis aí três comentários feitos nos dias anteriores à decisão do Mundial de Clubes da Fifa.
Só o primeiro virou verdade.
Embora a vitória do Liverpool tenha sido indiscutível, convenhamos que 1 a 0, na prorrogação, não só está muito longe dos 4 a 0 dos catalães sobre os santistas como comprova que o contrário não seria zebra, embora, no caso, fosse injusto.
O Flamengo jogou de igual para igual com os campeões da Europa e o futebol brasileiro mostrou estar vivo, até com o goleador do torneio, o cara que pôs o Liverpool na final e fez o gol do título, o alagoano Roberto Firmino, nome que ficará para sempre na memória dos Reds e...dos rubro-negros.
Paciência!
Depois de cinco minutos iniciais apavorantes, com prenúncio de massacre nas oportunidades desperdiçadas por Firmino e Mané, o Flamengo não apenas equilibrou o jogo como terminou o primeiro tempo melhor que a legião estrangeira britânica.
É verdade que além das chances desperdiçadas ainda houve um pênalti de Rodrigo Caio em Henderson, não assinalado, e que no segundo tempo o Liverpool, refeito da aparente surpresa diante das dificuldades enfrentadas, até irritado por causa disso, jogou melhor e mereceu vencer.
Obrigatório constatar por outro lado a digna apresentação do time de Jorge Jesus, sem complexo, sem covardia, lá e cá, contra uma equipe fortíssima e sem economizar ninguém ao escalar o que levou de melhor ao Qatar.
Se o desgaste da maratona dezembrina dos ingleses precisa ser levado em conta, o do fim da temporada brasileira também tem de ser considerado.
Se nem um nem outro imprimiu a intensidade a que estão acostumados, deve ser creditado menos ao cansaço e mais aos cuidados táticos dos dois times, em embate de deixar o torcedor angustiado duramente 120 minutos.
O Liverpool precisou jogar quatro decisões deste porte para ganhar a primeira.
Firmino precisou de três chances claras para marcar o gol da vitória.
Jürgen Klopp precisou de três temporadas para fazer esta máquina de jogar futebol.
O Flamengo é o que é em meio ano.
Se mantiver a toada, e tudo indica a manutenção, não faltarão oportunidades para aumentar sua coleção de taças marcantes.
Ninguém ficou devendo na decisão.
Filipe Luís, motivo de justa desconfiança pelas atuações contra o River Plate e Al Hilal, jogou bem, Gerson se superou, Diego Alves foi brilhante, Rodrigo Caio idem, Bruno Henrique ibidem, e o Gabigol se doou para o time durante todo o tempo.
Estava preparado para saudar com entusiasmo o bicampeonato da Gávea. Torci para vê-lo.
Como temia ter de escrever que, de fato, a diferença entre europeus e sul-americanos é abissal e que a façanha do Corinthians em 2012 era a última a ser comemorada pelo continente americano por muitos anos.
O 1 a 0 de Doha revelou que não.
Que sim, é possível, se não vencê-los já, nada impede que em futuro próximo seja.
E, cá entre nós, aquele entusiasmo estampado nos rostos dos campeões está longe de significar apenas mais uma conquista para o poderoso Liverpool.
Os ingleses queriam porque queriam vencer e voltarão para casa com muitas histórias para contar para seus netos.
Comentários
Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.