Juca Kfouri

Jornalista, autor de “Confesso que Perdi”. É formado em ciências sociais pela USP.

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Juca Kfouri
Descrição de chapéu Mundial de Clubes 2019

A bela batalha de Doha

Ganhou quem jogou melhor, mas, desta vez, o futebol brasileiro não perdeu

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O Flamengo pode vencer e não será zebra.

O Flamengo corre o risco de levar uma goleada, como o Santos contra o Barcelona, em 2011.

Uma vitória brasileira é impensável contra os europeus.

Eis aí três comentários feitos nos dias anteriores à decisão do Mundial de Clubes da Fifa.


Só o primeiro virou verdade.

Embora a vitória do Liverpool tenha sido indiscutível, convenhamos que 1 a 0, na prorrogação, não só está muito longe dos 4 a 0 dos catalães sobre os santistas como comprova que o contrário não seria zebra, embora, no caso, fosse injusto.

O Flamengo jogou de igual para igual com os campeões da Europa e o futebol brasileiro mostrou estar vivo, até com o goleador do torneio, o cara que pôs o Liverpool na final e fez o gol do título, o alagoano Roberto Firmino, nome que ficará para sempre na memória dos Reds e...dos rubro-negros.

Paciência!

Depois de cinco minutos iniciais apavorantes, com prenúncio de massacre nas oportunidades desperdiçadas por Firmino e Mané, o Flamengo não apenas equilibrou o jogo como terminou o primeiro tempo melhor que a legião estrangeira britânica.

É verdade que além das chances desperdiçadas ainda houve um pênalti de Rodrigo Caio em Henderson, não assinalado, e que no segundo tempo o Liverpool, refeito da aparente surpresa diante das dificuldades enfrentadas, até irritado por causa disso, jogou melhor e mereceu vencer.

Rodrigo Caio, do Flamengo, e Roberto Firmino, do Liverpool, disputam a bola correndo na final do Mundial
Rodrigo Caio, do Flamengo, e Roberto Firmino, do Liverpool, fizeram duelo individual durante quase toda a final do Mundial - Kai Pfaffenbach/REUTERS

Obrigatório constatar por outro lado a digna apresentação do time de Jorge Jesus, sem complexo, sem covardia, lá e cá, contra uma equipe fortíssima e sem economizar ninguém ao escalar o que levou de melhor ao Qatar.

Se o desgaste da maratona dezembrina dos ingleses precisa ser levado em conta, o do fim da temporada brasileira também tem de ser considerado.

Se nem um nem outro imprimiu a intensidade a que estão acostumados, deve ser creditado menos ao cansaço e mais aos cuidados táticos dos dois times, em embate de deixar o torcedor angustiado duramente 120 minutos.

O Liverpool precisou jogar quatro decisões deste porte para ganhar a primeira.

Firmino precisou de três chances claras para marcar o gol da vitória.

Jürgen Klopp precisou de três temporadas para fazer esta máquina de jogar futebol.

O Flamengo é o que é em meio ano.

Se mantiver a toada, e tudo indica a manutenção, não faltarão oportunidades para aumentar sua coleção de taças marcantes.

Ninguém ficou devendo na decisão.

Filipe Luís, motivo de justa desconfiança pelas atuações contra o River Plate e Al Hilal, jogou bem, Gerson se superou, Diego Alves foi brilhante, Rodrigo Caio idem, Bruno Henrique ibidem, e o Gabigol se doou para o time durante todo o tempo.

Estava preparado para saudar com entusiasmo o bicampeonato da Gávea. Torci para vê-lo.

Como temia ter de escrever que, de fato, a diferença entre europeus e sul-americanos é abissal e que a façanha do Corinthians em 2012 era a última a ser comemorada pelo continente americano por muitos anos.

O 1 a 0 de Doha revelou que não.

Que sim, é possível, se não vencê-los já, nada impede que em futuro próximo seja.

E, cá entre nós, aquele entusiasmo estampado nos rostos dos campeões está longe de significar apenas mais uma conquista para o poderoso Liverpool.

Os ingleses queriam porque queriam vencer e voltarão para casa com muitas histórias para contar para seus netos.

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