Marcos de Vasconcellos

Jornalista, assessor de investimentos e fundador do Monitor do Mercado

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Marcos de Vasconcellos

No mercado de ações, quem chora quando a Vale ri?

O caminho do minério merece uma segunda leitura de investidores

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Nesta semana, o minério de ferro atingiu máxima histórica, passando de US$ 195 por tonelada. Não faltaram investidores comemorando a alta das ações da Vale. Os papéis da mineradora (VALE3) tendem a acompanhar, por motivos óbvios, a movimentação do seu principal produto.

O caminho do minério é o que merece uma segunda leitura, pois pode esconder oportunidades no mercado de ações.

Ao sair das mineradoras, ele segue para as siderúrgicas e delas sai majoritariamente como chapa ou vergalhão de aço. As usinas, além de trabalharem com estoque, têm como praxe repassar as altas de preço para seus produtos.

Foi por isso, inclusive, que deram dor de cabeça para montadoras e construtoras recentemente. No último ano, o preço do aço já subiu mais de 45%, de acordo com o Sinduscon-SP.

Logo da mineradora Vale em Brumadinho, Minas Gerais
Logo da mineradora Vale em Brumadinho (MG) - Adriano Machado - 21.fev.21/Reuters

Assim, enquanto a Vale tem exatamente o mesmo gasto para produzir minério de ferro que custa US$ 90 (como há cerca de um ano) ou US$ 195 por tonelada, as usinas repassam o aumento dos custos e a “bomba” acaba, em grande parte, na mão das construtoras.

Como aumentar em 45% o preço de um apartamento em poucos meses espantaria qualquer cliente em busca do sonho da casa própria, essas empresas são obrigadas a “rachar” o custo, diminuindo suas margens de lucro na venda dos lançamentos imobiliários.

No mercado financeiro, o vislumbre da possibilidade de queda no lucro é, muitas vezes, decisivo para que investidores vendam suas ações. Como 2020 teve muitas vendas e poucos lançamentos, o estoque de imóveis está baixo e construir é imperativo para gerar receita.

Ao analisar os gráficos de cotações, é possível ver que logo após a alta do minério de ferro do início de março, as ações de construtoras como Cyrela, Even, Trisul e EZTec chegaram aos preços mais baixos deste ano.

O IMOB, índice que reúne os papéis mais representativos do setor imobiliário (espécie de Ibovespa formado por construtoras e incorporadoras, majoritariamente), deixa o movimento claro. Em 9 de março, logo após a alta do minério de ferro, o índice atingiu 841,48 pontos. Em quatro de janeiro, estava em 1.018,23.

A boa notícia é que os analistas têm recomendado a compra de ações de construtoras há algum tempo. E agora, os preços estão mais baixos.

Os papéis da Tenda (TEND3), por exemplo, que hoje custam cerca de R$ 26, têm sua compra recomendada pelos analistas do BTG Pactual, da XP, do Bradesco BBI e da Eleven (casa de análises). A expectativa dos especialistas listados é que os papéis fiquem entre R$ 36 e R$ 40. A alta até o fim do ano é prevista para diversos outros papéis do setor, como da MRV, Cury, EZTec, JHSF...

A intenção desse texto, no entanto, não é dar “dicas quentes” ou dizer onde você deveria investir. O que deve ficar claro é como devemos ficar atentos à correlação entre os diferentes players do setor produtivo.

Ao ler sobre a alta de uma ação, mais do que comemorar ou lamentar a oportunidade perdida, cabe ao investidor fazer o exercício de pensar onde estão as novas oportunidades.

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