Marcos de Vasconcellos

Jornalista, assessor de investimentos e fundador do Monitor do Mercado

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Marcos de Vasconcellos
Descrição de chapéu petrobras

Para onde migrou a grana da Petrobras?

PRIO (antiga Petrorio), PetroReconcavo e 3R Petroleum sobem, enquanto a Petrobras despencou

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Assim como o poder, o dinheiro abomina o vácuo. A grana de verdade, que movimenta as bolsas de valores, não vai para o nada, nem para baixo do colchão dos bilionários, mesmo em momentos de crise. Ele muda de mãos, de mercados e de apostas. E, nesta semana, saiu da Petrobras para fortalecer petroleiras menores.

Na semana passada, apontei aqui como fala do presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, sobre cortes nos dividendos da empresa puniu as ações da petroleira e os investidores brasileiros.

Jean Paul Prates dá entrevista coletiva
Jean Paul Prates, presidente da Petrobras, diz que foi voto vencido na decisão sobre dividendos - Mauro Pimentel - 02.mar.2023 / AFP

Poucas horas após a publicação do texto, aliás, a área de comunicação da estatal me mandou um email dizendo: "Não há qualquer decisão tomada em relação à distribuição de dividendos ainda não declarados". Ainda bem que nada escrevi sobre o comunicado, porque quatro dias depois, nesta quinta, a empresa anunciou oficialmente que não pagará dividendos extraordinários relativos ao quarto trimestre de 2023.

A quem interessa esse jogo de sinais trocados? Fica o questionamento. Mas acontece que bancos e corretoras só tomaram medidas após o comunicado oficial. Na sexta-feira, gigantes internacionais, como JP Morgan e Goldman Sachs, descreveram a decisão de cortar os pagamentos como "surpreendentemente negativa" e o "pior cenário possível".

Com as análises em mãos, os grandes investidores venderam ações, fazendo os papéis PETR3 e PETR4 derreterem na Bolsa nesta sexta-feira (8). Nos primeiros 25 minutos de negociação, as ações caíram mais de 12%. Fecharam o dia com uma queda de mais de 10%.

E como o dinheiro não pode simplesmente sumir, é essencial aos investidores tentar enxergar para onde ele vai. Quem acompanha o mercado de perto farejou grandes clientes trocando suas posições em Petrobras por PRIO (antiga Petrorio), PetroReconcavo e 3R Petroleum, as chamadas "petroleiras juniores", no que chamamos de "rotação".

As ações das três empresas subiram com vontade na sexta, enquanto a Petrobras desabava. A 3R subiu mais de 4%, Prio e PetroReconcavo tiveram ganhos acima de 3%.

As juniores passam por um período de consolidação de mercado. Como a Petrobras freou os planos de vender campos de petróleo, as petroleiras menores estão se movimentando e negociando entre si.

Acionistas da 3R Petroleum, por exemplo, desde janeiro empurram a empresa para uma fusão com a PetroReconcavo. A Prio, em fevereiro, captou R$ 2 bilhões emitindo debêntures. Com isso, encheu o caixa para fazer investimentos bilionários nos próximos meses, muito provavelmente fusões e aquisições. Há tempos, analistas apontam que ela está de olho em campos como o de Peregrino, na bacia de Campos.

Enxergando esse cenário, investidores veem na Petrobras uma empresa que agora vai trabalhar pela mudança de matriz energética e ter muito trabalho para voltar a dar o mesmo retorno financeiro, enquanto as menores (ou juniores) estão em momento de expansão e consolidação.

A rotação de investimentos entre empresas do mesmo setor é uma estratégia para quem quer continuar apostando na área, mas gosta de ficar peneirando quem pode trazer mais retorno nos próximos períodos. E essa movimentação pode mexer bastante as peças do mercado, já que R$ 1 bilhão em ações são um volume irrisório para Petrobras, mas significam, por exemplo, um sexto do valor de mercado de uma empresa como a PetroReconcavo.

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