Mariliz Pereira Jorge

Jornalista e roteirista de TV.

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Feministas odeiam os homens? Eu adoro

Quem em sã consciência acreditaria que o feminismo, que luta pelo fim de desigualdades, se dedica a odiar metade da população mundial?

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Caro leitor, vou direto ao ponto: eu adoro os homens. Não todos, é verdade, alguns poderiam ter sido evitados com o uso de camisinha. Mas amo a ideia do homem, a maneira que funcionam, o que os move, seus interesses. Seres cheios de camadas e idiossincrasias. E não estou sendo sarcástica. Você sempre vai me ver numa rodinha com eles. Homem quando dá certo, meu amor, é coisa de maluco. Gosto da companhia, da conversa, da praticidade, do senso de humor, da lealdade, da sensibilidade, que inclui a capacidade de interpretar texto, e o talento para autocrítica.

Ilustração em vetor sobre fundo claro mostra silhuetas de homens e mulheres coloridas e transparentes que se sobrepõe umas sobre as outras
Ilustração de homens e mulheres - Aysia/Adobe Stock

Então, prezados, fico surpresa ao ler repetidamente na caixa de comentários da coluna que eu os odeio. Homem é uma coisa tão gostosa que eu me casei com um e sou hetera convicta. Só tem uma coisa mais maravilhosa: classe executiva. E olha que nunca viajei de primeira classe. São seres tão deliciosos que namorei três ao mesmo tempo —uma pena que eles não tenham ficado felizes quando descobriram, embora tivessem feito a mesma coisa com outras mulheres.

A suposta aversão que eu, como feminista, teria aos homens é uma falácia tão grandiosa que faria roteiristas de ficção científica corar de vergonha. Tem colega que detesta homem? Tem. Eu, por exemplo, tenho horror a melancia. Quantas pessoas no mundo não gostam de melancia? Uma minoria. É mais ou menos por aí.

Então, quem em sã consciência acreditaria que o feminismo, que luta pelo fim de desigualdades sistêmicas, se dedica a odiar metade da população mundial? Não se deem tanta importância. É mais conveniente para alguns acreditar nessa narrativa fantasiosa do que admitir que meu verdadeiro alvo é o patriarcado, aka (mais conhecido como) homem tóxico, palestrinha, assediador, violento, controlador.

Um leitor reclama que eu sou colunista de "uma nota só". De fato, dedurar o machismo tem sido presente neste espaço, quase todas as semanas o assunto na roda. Gostaria de escrever mais crônicas sobre por que bani a ração seca dos meus gatos ou como não suporto gente que fala alto, apesar de eu mesma ter um volume equivocado, mas infelizmente todos os dias mulheres morrem, sofrem preconceitos, são subestimadas, tuteladas.

O que o leitor incomodado deveria entender é que, numa leitura mais sofisticada, eu tenho apenas defendido o gênero oposto de uma estrutura social obsoleta que, ironicamente, prejudica tanto homens quanto mulheres. Se eu realmente os odiasse, não tentaria libertá-los das amarras de uma masculinidade opressora que lhes nega a plena humanidade. Os brucutus ainda não entenderam que não é mais uma onda feminista passageira, como aquela que conquistou o voto ou outra que nos apresentou a liberdade sexual. Nós, feministas, viemos para ficar, e eu vou torrar o saco de todo mundo, todo dia, toda semana, que ainda não colabora com tudo que ainda precisa ser mudado. Obrigada. De nada.

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