Mônica Bergamo

Mônica Bergamo é jornalista e colunista.

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Descrição de chapéu guerra israel-hamas

Brasileiros podem sair de Gaza amanhã pela fronteira com o Egito

Operação é considera de altíssimo risco; expectativa é que ela ocorra no sábado (14); ministro Paulo Pimenta, da Comunicação, disse que tudo já está organizado com o país árabe

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Os brasileiros que estão sitiados na Faixa de Gaza podem deixar o território conflagrado no sábado (14). A expectativa foi confirmada à coluna por fontes do Ministério das Relações Exteriores.

O ministro-chefe da Secretaria de Comunicação Social, Paulo Pimenta, também confirmou a informação à coluna. "Está tudo certo com o Egito, que não se opõe à saída", afirma.

Faltaria, apenas, que o governo de Israel permitisse a passagem em áreas que controla perto da fronteira com o país árabe. E que se comprometesse a não bombardear os brasileiros.

Grupo de brasileiros abrigado em escola católica na Faixa de Gaza faz foto no local - Arquivo pessoal

Segundo a coluna apurou, Israel sugeriu que a travessia até a fronteira do Egito, país com o qual o Brasil vem negociando a operação, seja feita em um comboio internacional.

Com isso, a chance de conseguir passar pela fronteira aumenta: o Egito está sob pressão de diversos países que também querem tirar seus cidadãos de Gaza. Se todos chegarem juntos à fronteira, a organização para a evacuação seria facilitada.

O Egito já estaria disposto a abrir as fronteiras no sábado, das 12h às 17h no horário local (das 6h às 11h de Brasília). A operação é considerada de altíssimo risco. Os repatriados sairiam por uma região do Egito que também é conflagrada e dominada por rebeldes.

O Brasil já estaria fornecendo, segundo a mesma fonte, os nomes de todos os brasileiros e as placas dos carros nos quais eles devem se locomover.

"Se Deus quiser, tudo está se desenhando para eles serem retirados amanhã e passarem a fronteira do Egito", afirma um diplomata à coluna, em condição de anonimato. "Amanhã à noite vai terminar o pesadelo. Pelo menos, para esses brasileiros", acrescenta.

Os apelos de outras nações se intensificaram nas últimas horas com os ultimatos de Israel para que os palestinos evacuem a região norte do país, indicando que haverá um bombardeio em massa no território e milhares de mortos.

Neste momento, um grupo de cerca de 30 brasileiros está acolhido na escola católica Rosary Sisters School, em Gaza. O espaço, arranjado pela diplomacia brasileira, era considerado seguro até o Exército israelense dar um ultimato para que todos os palestinos se desloquem do norte para o sul da região.

O prazo para a evacuação, duramente criticado pela ONU (Organização das Nações Unidas), se esgota nas próximas horas.

Bombardeios e tiroteios já são ouvidos pelo grupo que se refugia na escola —os confrontos armados se estendem pelas ruas e quadras do entorno da instituição católica, segundo relatos.

De acordo com integrantes do Itamaraty que prestam assistência aos brasileiros, o governo israelense está ciente de que a escola abriga cidadãos que deverão ser repatriados pelo Brasil.

Embora esteja no meio do fogo cruzado, a avaliação é de que a escola segue sendo a opção mais segura enquanto os brasileiros aguardam socorro.

Mais cedo nesta sexta-feira (13), como mostrou a coluna, um ônibus foi designado para retirá-los do local e levá-los até a cidade de Khan Younes, mas um bombardeio na via principal da cidade de Gaza fez com o que plano fosse adiado.

A expectativa, agora, é que os brasileiros saiam da Faixa de Gaza até a noite de sábado, encerrando o que tem sido chamado por membros da diplomacia de "pesadelo".

Na quinta-feira (12), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) conversou ao telefone com o presidente de Israel, Isaac Herzog. O petista afirmou que agradeceu ao apoio na retirada de brasileiros que estavam no país, que declarou guerra ao Hamas após a facção terrorista lançar ataque em território israelense no sábado (7).

"Reafirmei a condenação brasileira aos ataques terroristas e nossa solidariedade com os familiares das vítimas. Solicitei ao Presidente todas as iniciativas possíveis para que não falte água, luz e remédios em hospitais", escreveu, nas redes sociais.

O clima entre aqueles que tentam sair da faixa conflagrada é de pavor, como registrado em vídeo pela brasileira Shahed al-Banna, de 18 anos de idade.

"A gente achava que a escola era um lugar seguro para nós, mas agora não é um lugar seguro. Eles vão entrar no país e vão acabar com todo mundo. Os prédios, as árvores, crianças, pessoas, bichos, tudo vai ser morto", afirmou ela, em relato compartilhado com a coluna.

Ao menos 22 brasileiros aguardam uma oportunidade para deixarem Gaza. Deles, dez são crianças, sete são mulheres e cinco são homens. Nem todos, contudo, estão abrigados na escola: 12 brasileiros estão na cidade de Khan Younes, ao sul da Faixa de Gaza.

com BIANKA VIEIRA, KARINA MATIAS e MANOELLA SMITH

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