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Visita de chanceler de Milei coroa esforços diplomáticos e afasta 'drama' entre Lula e novo governo

Integrantes de embaixadas defendem ser necessário 'desdramatizar' a vitória do ultraliberal e suas diferenças com o petista

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Brasília

A escolha do Brasil como destino da primeira viagem ao exterior feita pela futura chanceler da Argentina, Diana Mondino, é avaliada por diplomatas argentinos e brasileiros como um sinal incontestável de que os canais de alto nível para o diálogo entre emissários de Javier Milei e de Lula (PT) sempre estiveram abertos —e assim devem seguir.

Mondino desembarcou neste domingo (26) em Brasília, onde se reuniu com o chanceler brasileiro Mauro Vieira e entregou uma carta em que o ultraliberal convida o petista para sua posse. O documento também fala em "trabalho frutífero" e "construção de laços" entre os dois países.

O presidente eleito da Argentina, Javier Milei
O presidente eleito da Argentina, Javier Milei, em Buenos Aires - Agustin Marcarian - 19.nov.2023/Reuters

A vinda de Mondino ainda é vista como a coroação dos esforços empreendidos nas últimas semanas pelo embaixador do Brasil na Argentina, Julio Bitelli, e pelo embaixador da Argentina no Brasil, Daniel Scioli, que foi indicado ao cargo em 2020 por peronistas, derrotados na eleição por Milei.

Bitelli já vinha mantendo contato com interlocutores do ultraliberal desde a campanha eleitoral, apesar de ataques feitos por ele contra o presidente brasileiro.

A ideia do arranjo com a futura chanceler, por parte da diplomacia brasileira, era não perder tempo e criar condições para que a relação com o novo governo argentino fosse iniciada nos melhores termos possíveis.

Já Scioli, segundo assessores que o acompanham, teria feito um trabalho de convencimento fundamental para que Mondino visitasse o Brasil em um espaço de tempo tão curto —apenas uma semana depois da vitória de Milei. O fato de a viagem ter sido mantida em segredo foi considerado importante para o seu sucesso.

Durante sua passagem pela Embaixada da Argentina em Brasília, a futura chanceler realizou uma reunião de trabalho com diplomatas e fez perguntas sobre diversos temas da relação bilateral entre os dois países, pedindo que os presentes se aprofundassem sobre cada um deles.

Na leitura de integrantes do Itamaraty, a operação deste domingo foi bem-sucedida e teria mostrado que a relação entre Brasil e Argentina é mais importante que eventuais diferenças entre seus presidentes.

Antes da visita de Mondino, diplomatas brasileiros já vinham defendendo ser necessário "desdramatizar" a vitória de Milei, fruto da vontade popular. Embora seja necessária uma reacomodação em ambos os lados, explicam, a política externa continuará sendo operada por profissionais empenhados.

Emissários argentinos, por sua vez, minimizam o fato de Lula ainda não ter citado o ultraliberal nominalmente, bem como a possibilidade de ele não ir à cerimônia de posse do recém-eleito.

A avaliação é a de que na diplomacia todo gesto importa, e ainda que o petista não tenha feito deferência a Milei na mensagem publicada após a eleição e até deixado claro seu desinteresse pessoal, o tom usado teria sido correto por colocar a boa relação entre os dois Estados acima de qualquer diferença ideológica.

No mais, o presidente eleito da Argentina citou Lula no pé da carta em que o convida para a posse, referindo-se a ele também como "estimado senhor presidente".

À coluna, integrantes das duas embaixadas lembram que as relações entre os países são densas e importantes demais para ambos os lados para que se especule algum tipo de ruptura.

Alguns dos emissários destacam que o então presidente Jair Bolsonaro (PL) não chegou a se encontrar com Alberto Fernández pessoalmente, e que o argentino foi alvo de graves ataques feitos por Bolsonaro e seus filhos. A relação Brasil-Argentina, contudo, não ruiu.

NO PRELO

O sambista Mosquito, que lançará em breve o single "Pega-Pega" e prepara seu novo disco - Fernando Young/Divulgação

O sambista Mosquito lançará na próxima quinta (30) o single "Pega-Pega". A faixa versa sobre amor e imprevisibilidade e foi escrita em parceria com Claudemir Rastafari, compositor de canções que se consagraram nas vozes de cantores como Alcione, Xande de Pilares e Zeca Pagodinho. O músico Pretinho da Serrinha assina a produção da faixa —uma parceria que se repetirá em outras composições do novo disco de Mosquito, previsto para o primeiro trimestre de 2024.

com BIANKA VIEIRA, KARINA MATIAS e MANOELLA SMITH

Erramos: o texto foi alterado

Diferentemente do publicado, Javier Milei citou o nome de Lula no pé da carta endereçada ao presidente brasileiro. O texto foi corrigido.

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