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Descrição de chapéu LGBTQIA+

Pastor Henrique Vieira vai ouvir vítimas da 'cura gay' para relatório da Câmara

Parlamentar lidera grupo de estudos na Casa e diz que bolsonaristas não são bem-vindos

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O deputado federal Pastor Henrique Vieira (PSOL-RJ) irá colher, a partir desta quinta-feira (7), depoimentos de pessoas que se considerem vítimas das chamadas terapias de conversão sexual. Os relatos irão subsidiar os trabalhos de um grupo de estudos sobre o tema liderado por ele na Câmara dos Deputados.

As histórias serão recebidas por meio de uma plataforma criada pelo gabinete do parlamentar, intitulada "Amar Não É Doença", mote de sua campanha contra a prática. Segundo Vieira, a ideia é ouvir essas pessoas "de maneira acolhedora e anônima", preservando suas identidades.

O deputado federal Pastor Henrique Vieira (PSOL-RJ) no plenário da Câmara dos Deputados, em Brasília - Pedro Ladeira - 25.mai.2023/Folhapress

Também conhecida pelo jargão de "cura gay", a terapia costuma ser oferecida por instituições religiosas e têm como objetivo converter pessoas LGBTQIA+ à heterossexualidade. A oferta do serviço é proibida pelo Conselho Federal de Psicologia, que afirma não ser possível curar uma doença que não existe.

Nesta semana, o grupo de estudos instituído pela Comissão de Direitos Humanos da Câmara realizou sua segunda reunião. Além de pessoas que passaram pelo processo, serão ouvidos nas próximas semanas pesquisadores, líderes religiosos e representantes de entidades e de movimentos contrários às terapias.

O objetivo do colegiado, que é integrado por parlamentares de esquerda como Erika Hilton (PSOL-SP), Talíria Petrone (PSOL-RJ) e Duda Salabert (PDT-MG), é analisar a situação atual das ofertas de terapias de conversão e propor medidas para a sua erradicação no país, segundo Henrique Vieira.

Questionado se o grupo de estudos estará aberto a ouvir deputados, entidades e lideranças religiosas que defendem a prática, Vieira responde: "De jeito nenhum".

"Esse grupo, de forma muito íntegra, visa mostrar à sociedade o quanto esta prática é violenta. Muito honestamente, não é um debate com quem acha certo. É um acúmulo para ajudar a sociedade e os órgãos a entenderem que a gente tem que virar essa chave na história e deixar de normalizar isso como algo legítimo", explica o deputado federal.

"Vou chamar o Nikolas Ferreira [deputado bolsonarista do PL de Minas Gerais]? Se quiser debater comigo no plenário, na comissão, na televisão, a gente debate. No grupo, não. É como se fosse criar um grupo de estudos para apurar violências racistas com pessoas que vão dizer que racismo não existe", acrescenta.

Fundador da Igreja Batista do Caminho, Vieira diz já ter testemunhado pessoas em situação de pânico após serem expostas aos "tratamentos de reversão". Para ele, a prática deveria ser considerada uma forma de tortura psicológica —e, por isso, banida do país.

"Eu, como pastor, posso te afirmar que as pessoas passam por muito sofrimento. Às vezes, privação de liberdade, automutilação, ideação suicida, transtornos psíquicos, depressão e até mesmo suicídio. Isso envolve muita dor", afirma o deputado à coluna.

"Queremos ouvir essas histórias não para fazer sensacionalismo, mas para ficar o registro público de que não podemos aceitar esse tipo de terapia como uma coisa legítima do ponto de vista da ciência, da psicanálise, da psicologia. Promove-se muito sofrimento sem amparo científico algum", segue.

Ao final dos trabalhos do grupo de estudos, previsto para ocorrer em 20 de março, um relatório deverá ser entregue ao STF (Supremo Tribunal Federal), ao Ministério dos Direitos Humanos e ao Ministério da Saúde.


NOITE DE GALA

O ministro da Defesa, José Múcio, e sua mulher, Vera Brennand, prestigiaram o concerto "Sinfonia na Paulista", apresentado pela Bachiana Filarmônica Sesi-SP no Centro Cultural Fiesp, em São Paulo, na noite de quarta (6). Uma composição do chefe da pasta, "Revés", foi executada pela orquestra sob a batuta do maestro João Carlos Martins, que recebeu no palco o músico e atleta paralímpico Marquinhos. O médico cardiologista Roberto Kalil Filho se apresentou com seu saxofone, e o escritor e ex-secretário Gabriel Chalita recitou um poema.

com BIANKA VIEIRA, KARINA MATIAS e MANOELLA SMITH; colaborou LUANA LISBOA

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