Presidente interina do Conselho Federal de Medicina, a médica Rosylane Rocha é casada com o coronel Lúcio Anderson de Azevedo Rocha, que fez parte do gabinete do comando do Exército de abril de 2019 a julho de 2021.
Em publicações nas redes sociais, Rosylane celebrou as manifestações golpistas que culminaram na invasão e vandalização do Palácio do Planalto, do Congresso e do STF (Supremo Tribunal Federal) que ocorreram em Brasília no domingo (8).
Rosylane é segunda vice-presidente, mas está à frente do CFM porque seus dois superiores encontram-se fora do Brasil.
O coronel Rocha assumiu o posto no gabinete do comando do Exército durante a gestão de Edson Pujol, que renunciou ao cargo depois que Jair Bolsonaro (PL) demitiu o ministro da Defesa, Fernando Azevedo e Silva, por se recusar a fazer gestos públicos de apoio político a ele.
O sucessor de Pujol, o general Paulo Sérgio Nogueira de Oliveira, exonerou Rocha três meses após chegar ao posto de comandante.
O Exército tem sido acusado de omissão diante das invasões em Brasília, especialmente no caso do Palácio do Planalto, pois dois de seus batalhões, o Regimento de Cavalaria de Guarda e o Batalhão da Guarda Presidencial, têm como função a proteção do local.
Procurada pelo Painel, Rosylane diz ser casada com o coronel Lúcio Anderson desde 1998 e que ao longo dos anos construíram trajetórias profissionais independentes, nunca permitindo interferências mútuas nos respectivos espaços de atuação.
Nas redes sociais, Rosylane publicou uma foto que mostra os extremistas invadindo o Congresso e escreveu "agora vai!". Ela também compartilhou uma imagem de uma pichação que diz "perdeu, mané" na escultura "A Justiça", feita em 1961 pelo artista plástico Alfredo Ceschiatti e que fica em frente ao Supremo.
A frase "perdeu, mané" faz alusão a uma resposta dada pelo ministro do tribunal Luís Roberto Barroso a um bolsonarista após sofrer hostilidades dos militantes durante viagem a Nova York.
Rosylane também publicou uma reprodução de reportagem do jornal O Estado de S. Paulo que diz que policiais abandonaram a barreira que faziam para comprar água de coco enquanto os golpistas invadiam o STF.
A presidente interina do CFM escreveu "polícia é para prender bandido e não pessoas de bem" e "alguém tem que ter coragem! Viva a PM do DF".
Em outubro, Rosylane protagonizou controvérsia ao defender, como relatora no CFM, a restrição da prescrição médica de canabidiol. A norma que foi criada a partir do relatório foi alvo de uma onda de críticas de especialistas, que a consideraram um retrocesso e mal fundamentada. O CFM depois revogou a norma, como revelou o Painel.
O CFM também teve sua atuação bastante criticada durante a pandemia, quando se alinhou ao governo Jair Bolsonaro e manteve a possibilidade de médicos prescreverem remédios sem eficácia contra a Covid-19, como a cloroquina.
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