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Editado por Fábio Zanini, espaço traz notícias e bastidores da política. Com Guilherme Seto e Danielle Brant

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Comitê da ONU pede revisão da Lei de Anistia e tipificação do crime de ódio

Órgão divulgou relatório com recomendações após sabatina com o Brasil

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Relatório do Comitê de Direitos Humanos da ONU sobre o Brasil, divulgado nesta quarta-feira (26), pede a revisão da Lei da Anistia, defende a criação de um tipo penal específico para "crimes de ódio" e de um órgão nacional independente para cuidar dos direitos humanos.

As recomendações fazem parte da resposta da instância das Nações Unidas à sabatina à qual o Brasil foi submetido nos dias 26 e 27 de junho, em Genebra. Foi a primeira revisão periódica do país em dez anos.

Ministro dos Direitos Humanos, Silvio Almeida, discursa na 52ª sessão do Conselho de Direitos Humanos da ONU em Genebra
Ministro dos Direitos Humanos, Silvio Almeida, discursa na 52ª sessão do Conselho de Direitos Humanos da ONU em Genebra - Reprodução/ONU

Em um relatório de 14 páginas, o comitê da ONU fez também elogios a medidas aprovadas pelo Brasil. Citou, entre outras, o estabelecimento de cotas para descendentes de africanos em órgãos federais, a criação dos ministérios dos Povos Indígenas e da Igualdade Racial, o lançamento de um programa para garantir direitos dos presos e a aprovação de uma lei para combater violência política contra mulheres.

A maior parte do documento, no entanto, registra preocupações com o desempenho do Brasil com relação aos direitos humanos em várias áreas e sugere medidas.

No trecho sobre a ditadura militar, o comitê da ONU registra "preocupação com a falta de implementação de recomendações da Comissão da Verdade, incluindo o reparação adequada para as vítimas e responsabilização de autores [de violações]". O documento recomenda a revisão da Lei da Anistia, de 1979.

Ao tratar dos chamados "crimes de ódio", a instância da ONU recomenda que o Brasil "considere rever sua legislação para introduzir uma definição separada" para o tema, que "criminalize explicitamente atos de ódio em todas as instâncias, intensificando esforços para combater intolerância, preconceito, viés racial e discriminação".

O órgão pede também a criação de uma "instituição nacional independente de direitos humanos", para monitorar a implementação de medidas.

Sugere ainda medidas para reduzir a letalidade policial, com a instalação de câmeras em fardas, além de ações para proteger minorias e medidas contra a corrupção.

O comitê pede a "imediata finalização de todos os procedimentos judiciais relacionados à operação Lava Jato, para que julgamentos finais ocorram no tempo adequado".

Para Camila Asano, diretora-executiva da Conectas Direitos Humanos, o comitê manda uma mensagem forte em uma semana marcada por desdobramentos no caso Marielle Franco.

"As diversas formas de violência política, especialmente contra mulheres negras, pessoas LGBTQIA+ e indígenas, precisam ser enfrentadas para garantir a participação popular desses grupos nos espaços de decisão", afirmou.

Segundo ela, o comitê fez outras recomendações relevantes ao Brasil que, de modo geral, apontam para a necessidade de avançar em políticas públicas de enfrentamento ao racismo.

"Os especialistas da ONU pedem para o país o combater a discriminação racial praticada pelas forças de segurança pública, avançar na indenização de vítimas do Estado, dar agilidade à demarcação e titulação de terras indígenas e quilombolas, evitar legislações que utilizem definições vagas de terrorismo e considerar a ratificação da Convenção Internacional sobre a Proteção dos Direitos de Todos os Trabalhadores Migrantes e Membros de Suas Famílias", afirma.

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