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Concessionária privatizada vira dor de cabeça interminável para Leite

Falta de energia elétrica por duas semanas após ciclone pode resultar até em CPI

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Porto Alegre

Bem-sucedido em múltiplas privatizações desde o primeiro mandato, o governador Eduardo Leite (PSDB) vem tendo uma dor de cabeça interminável depois de o Grupo Equatorial arrematar a CEEE, concessionária de energia elétrica do Rio Grande do Sul.

No domingo (23), Leite se reuniu com prefeitos da região sul do RS em uma sala no aeroporto de Pelotas (RS) para ouvir explicações da concessionária sobre o fato de ainda haver clientes sem luz 11 dias após a passagem de um ciclone pelo estado –no dia, mais de 700 mil clientes gaúchos ficaram sem energia. Foi o segundo no sul do Brasil em menos de um mês.

O anúncio de um novo ciclone, previsto para esta quarta-feira (26), traz novamente apreensão sobre o serviço.

No dia 19, a demora da CEEE Equatorial em reestabelecer o serviço levou pequenos produtores rurais a bloquearem a BR-293, entre Pelotas e Bagé, com pneus incendiados para cobrar providências e reclamar a perde de estoques. Naquele dia, ainda havia 2.000 clientes sem luz em seis municípios da região.

Eduardo Leite foi a Pelotas no domingo (23) ouvir explicações da empresa que comprou a CEEE por R$ 100 mil em 2021. Foto: Grégori Bertó/Secom

Embora Leite venha batendo na tecla de que "a privatização não é tema do problema", a atuação da Equatorial está sob escrutínio, balançando o discurso liberal de que a venda de estatais traz mais eficiência nos serviços públicas.

O trabalho da CEEE Equatorial foi tema de inquérito do Ministério Público em Rio Grande (RS) e recebeu críticas da presidência da Agergs (Agência Estadual de Regulação dos Serviços Públicos Delegados do RS), quemultou a empresa em R$ 29 milhões em 2022, também pela demora em detalhar ações e restabelecer serviços após um temporal.

O deputado estadual Pretto Filho (PT) fez uma representação junto à Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica) e discute a instalação de uma CPI para investigar a concessionária na Assembleia Legislativa.

Uma mudança no atendimento implementada pela CEEE Equatorial irritou particularmente a clientela gaúcha. Quando a empresa era pública, bastava uma mensagem de texto com a palavra LUZ e o número de cadastro para receber uma previsão de reestabelecimento do serviço para o endereço.

Agora, o atendimento é feito por WhatsApp por uma atendente virtual. Após a passagem de dois ciclones pelo RS, as redes sociais ficaram tomadas de prints de pessoas reclamando terem sido abandonados pela atendente robô sem explicações ou previsões.

Mesmo em Porto Alegre, houve clientes que ficaram entre três e quatro dias sem energia.

Questionada pelo Painel, a CEEE Equatorial diz ter agido com o quíntuplo de funcionários após a passagem do ciclone e reestabelecido 97% das 715 mil das conexões interrompidas entre 12 e 16 de julho –não respondeu, todavia, se ainda há clientes sem energia. Cita ainda a excepcionalidade do ciclone e seu efeito em redes precárias, composta por postes de madeira.

A empresa relata ter investido R$ 1,2 bilhão na rede elétrica desde a aquisição e que está disposta a compensar os clientes lesados conforme regras da Aneel e dos órgãos de defesa do consumidor.

A distribuidora da CEEE, a CEEE-D, foi privatizada em 2021 e arrematada pelo Grupo Equatorial, que pagou R$ 100 mil e assumiu um passivo de R$ 7 bilhões.

As partes de geração e transmissão de energia foram vendidas separadamente. Além a concessionária de energia elétrica, Leite privatizou a Sulgás, de gás natural, e, recentemente, a Corsan, de saneamento.

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