O plenário da Câmara Municipal de São Paulo, composto pelos 55 vereadores, deverá aprovar a recomendação de cassação do vereador Camilo Cristófaro (Avante) pela Corregedoria da Câmara Municipal de São Paulo.
Composta por sete legisladores, a Corregedoria votará o relatório elaborado por Marlon Luz (MDB), que recomendou a cassação, na quinta-feira (24).
O presidente da Casa, Milton Leite (União Brasil), pretende colocar o relatório em votação no plenário até a primeira semana de setembro.
Em maio de 2022, Cristófaro foi flagrado em uma sessão na Câmara dizendo "não lavaram a calçada, é coisa de preto".
Para que a cassação seja confirmada, 37 dos 55 vereadores precisarão votar favoravelmente à recomendação da Corregedoria em plenário. Segundo apurou o Painel junto a líderes das bancadas e demais vereadores, o placar atual é desfavorável a Cristófaro.
Nas bancadas de PT e PSOL, todos os vereadores votarão pela cassação. Em PSD, PSDB, MDB, PL, Podemos e União Brasil, a maior parte dos membros deverá seguir o mesmo caminho.
Petistas e psolistas somam 14 votos no Legislativo paulistano. PSD, PSDB, MDB, PL, Podemos e União Brasil somam 29, dos quais ao menos 24 deverão apoiar a cassação de Cristófaro, segundo contas de seus líderes e membros. Em caráter reservado, três vereadores independentes (que representam sozinhos seus partidos) disseram que farão o mesmo.
Nesse cenário, um cálculo conservador dá margem de cinco votos em favor da cassação.
"A orientação partidária é que o voto em plenário siga o relatório aprovado pela Corregedoria. Nas questões de racismo, o União Brasil defende a punição máxima", diz Leite, presidente da Câmara.
Entre os vereadores ouvidos pela coluna, alguns disseram até considerar pesada a pena de cassação, mas que não estão dispostos a colocar em risco seu capital político para defender um vereador com o histórico de ataques a minorias como Cristófaro.
A dificuldade de Cristófaro em conseguir apoio para resistir à punição também decorre de brigas que provocou com colegas de posicionamentos políticos diversos e que muitas vezes desembocaram em xingamentos e ameaças de agressão física.
Aurélio Nomura, do PSDB, e George Hato, do MDB, alvos de ataques de Cristófaro, por exemplo, hoje trabalham para que suas bancadas fechem questão pela cassação do vereador.
A Justiça absolveu o vereador da acusação de racismo em julho deste ano. Em sua decisão, o juiz Fábio Aguiar Munhoz afirma que a fala do vereador foi retirada de um contexto de "brincadeira, de pilhéria, mas nunca de um contexto de segregação, de discriminação ou coisa que o valha". O Ministério Público recorreu da decisão.
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