A deputada estadual Beth Sahão (PT-SP) apresentou projeto de lei que propõe que a estação de metrô PUC-Cardoso de Almeida, em Perdizes, que deve começar a operar a partir de 2025, receba o nome da professora Nadir Kfouri (1913-2011), que foi reitora da PUC-SP.
Em um dos episódios mais conhecidos de sua trajetória, Nadir Kfouri, primeira mulher reitora de uma universidade católica no mundo, confrontou o coronel Erasmo Dias, expoente da ditadura militar que comandou a invasão da instituição de ensino em 22 de setembro de 1977.
Ela se recusou a apertar a mão de Dias, cena que foi fotografada e repercutiu amplamente à época. Ela depois apresentou uma queixa-crime contra a Secretaria da Segurança Pública pela invasão e danificação das instalações.
Na sua função, a reitora atuou na resistência à ditadura militar, contratando e protegendo professores perseguidos pelo regime de exceção.
Em junho, como revelou o Painel, o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) promulgou uma homenagem ao coronel Erasmo Dias, que passou a dar nome a um trevo rodoviário em Paraguaçu Paulista, cidade do interior paulista onde nasceu.
A invasão da PUC-SP comandada por ele foi a última grande operação do regime militar (1964-1985) contra o movimento estudantil. Na ocasião, estudantes faziam um ato público pela reorganização da UNE (União Nacional dos Estudantes).
A ação resultou na detenção de 854 pessoas, levadas ao Batalhão Tobias de Aguiar. Delas, 92 foram fichadas no Deops (Departamento Estadual de Ordem Política e Social de São Paulo) e 42 acabaram processadas com base na Lei de Segurança Nacional, acusadas de subversão.
Na segunda-feira (25), às 9h, haverá um evento no Tucarena (teatro da PUC) em memória da invasão do local pelos militares.
A iniciativa da gestão Tarcísio de promulgar a homenagem ao militar disparou reações negativas. PSOL, PT, PDT e movimentos sociais enviaram uma Ação Direta de Inconstitucionalidade ao Supremo Tribunal Federal na qual dizem que o aval do governador à homenagem foi ilegal. O caso foi distribuído para a ministra Cármen Lúcia.
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