O diretório municipal do União Brasil decidiu, nesta sexta-feira (15), fechar questão a favor da cassação do vereador Camilo Cristófaro (Avante), acusado de racismo,. O plenário da Câmara Municipal votará na terça-feira (19) o futuro de Cristófaro, que provavelmente perderá o mandato.
No jargão político, o fechamento de questão significa que o partido determinou que a decisão deve ser cumprida por todos os seus integrantes, sob risco de punição.
Em maio de 2022, Cristófaro foi flagrado em uma sessão na Câmara dizendo "não lavaram a calçada, é coisa de preto".
O partido tem sete vereadores e é uma das maiores bancadas da Câmara, atrás de PT e PSDB, com oito cada. Para que a cassação seja confirmada, 37 dos 55 vereadores precisarão votar favoravelmente à recomendação feita pela Corregedoria da Casa. No final de agosto, o Painel contabilizou ao menos 41 votos favoráveis à perda de mandato.
O presidente do diretório municipal do União Brasil é Milton Leite, também presidente da Câmara, que tem articulado pela cassação de Cristófaro.
Na ata da reunião do diretório municipal que definiu fechamento de questão, os dirigentes lembraram que, segundo o estatuto do partido, o parlamentar filiado viola a fidelidade partidária quando não segue a orientação, ausenta-se ou se abstém.
Ainda que a maior parte dos vereadores do União já tenha adiantado que pretende votar a favor da cassação, o fechamento de questão aumenta a pressão sobre os que ainda não se manifestaram.
O processo tem gerado grande mobilização na Casa. Na quinta-feira (15), cartazes apócrifos foram pendurados em paredes da Câmara e distribuídos em gabinetes.
Neles, um placar de votação divide os vereadores entre partidos apoiadores do racismo, identificados com uma imagem do movimento supremacista Ku Klux Klan, e opositores do racismo, ligados a uma foto do líder negro Martin Luther King.
O cartaz ainda diz que, após a votação em plenário, passarão a ser publicados mensalmente os nomes dos vereadores até a eleição de 2024.
A Justiça absolveu o vereador da acusação de racismo em julho deste ano. Em sua decisão, o juiz Fábio Aguiar Munhoz afirma que a fala do vereador foi retirada de um contexto de "brincadeira, de pilhéria, mas nunca de um contexto de segregação, de discriminação ou coisa que o valha". O Ministério Público recorreu da decisão.
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