O Ministério Público Federal do Paraná enviou à Procuradoria-Geral da República duas investigações sobre supostas irregularidades praticadas pelo ex-deputado federal e ex-chefe da força tarefa da Lava Jato, Deltan Dallagnol.
As investigações foram motivadas por representação feita pelo grupo jurídico Prerrogativas.
Um dos itens que serão objeto de apuração da PGR é a tentativa de criação de uma fundação gerida pela Lava Jato para administrar R$ 2,5 bilhões arrecadados em acordos de leniência e delação premiada.
Também será remetida ao órgão a investigação sobre supostas irregularidades no pagamento de diárias de passagens para os procuradores da Lava Jato.
A justificativa dada pelo procurador Jorge Klanovicz no dia 6 de dezembro é que ambos os casos não envolvem apenas Deltan, mas também outros procuradores.
Outras duas acusações de caráter individual serão investigadas pelo MPF-PR, já que Deltan não tem mais prerrogativa de foro.
São elas suposto uso indevido da condição de membro do Ministério Público Federal para venda de palestras a entidades e empresas privadas e suposto recebimento irregular de auxílio-moradia.
Membro do Prerrogativas, o advogado Fernando Hideo Lacerda diz que "a investigação criminal sobre os malfeitos de Deltan Dallagnol é um passo importante para que seja passada a limpo a história dos abusos cometidos durante a Operação Lava Jato".
"Confiamos que o novo procurador-geral da República promoverá a devida apuração dos fatos e a consequente responsabilização daqueles que, sob o falso pretexto de combater a corrupção, violaram o sistema democrático em benefício de projetos de poder e enriquecimento pessoal", afirmou.
Outro lado
Em nota ao Painel, Deltan afirma que "o pedido de investigação reflete apenas o desejo de retaliação daqueles que tiveram seus políticos de estimação atingidos pela Lava Jato e que vieram, por parte de alguns de seus integrantes, a participar do governo Lula, que, como declarou explicitamente, busca vingança".
Ele diz que órgãos como a corregedoria do MPF e outros atestaram a legalidade da fundação. Já sobre diárias e passagens, manifestaram-se pela regularidade o MPF, a área técnica do TCU e o MP do TCU, segundo Deltan.
O ex-deputado diz ainda que as palestras foram examinadas e validadas pelo CNMP em 2017, "entendimento igualmente adotado pelo Ministério Público Federal".
"Sobre o auxílio-moradia, trata-se de verba paga igualmente para mais de mil procuradores em idêntica situação por decisão do STF", declara.
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