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Julio Wiziack é editor do Painel S.A. e está na Folha desde 2007, cobrindo bastidores de economia e negócios. Foi repórter especial e venceu os prêmios Esso e Embratel, em 2012

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Maior que a líder Piracanjuba no leite, MST diz que não precisa de supermercado

Diretor de produção de alimentos do movimento afirma que não pensa como empresa e pede Plano Safra só para pequeno agricultor

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São Paulo

Se o MST (Movimento Sem Terra) fosse uma empresa de leite, seria 50% maior que a líder Piracanjuba e teria o porte de duas Nestlé. Se fosse uma beneficiadora de arroz, estaria entre as 30 maiores do ramo. Mas o diretor de produção, Diego Moreira, diz que não precisa de supermercados e que o foco é matar a fome.

Quanto o MST produz e quanto fatura por ano?
Temos mais de 500 mil famílias assentadas, 60 mil acampadas. Difícil dimensionar.

Não cogitam um "MST empresa"?
MST não é marca, não é empresa, não tem CNPJ. São várias cooperativas ligadas a assentamentos, cada uma com seu faturamento. Em São Miguel do Oeste (SC), por exemplo, temos uma de leite com faturamento alto e que distribui o dinheiro para os sócios.

Homem com barba fala ao microfone em um evento
Diego Moreira, dirigente de produção nacional do MST - Divulgação

Não chegarão aos grandes supermercados?
Nossos produtos são conhecidos: o arroz orgânico, o leite Terra Viva. Eles estão nos supermercados. Não temos preconceito, mas estar lá é consequência, não é condição para a luta.

Qual luta?
São 33 milhões de pessoas com fome e 120 milhões que não se alimentam adequadamente. É razoável que qualquer governo que tenha compromisso com a sua população tenha uma política de abastecimento nacional.

Como o governo faria isso?
Tudo que fizemos até hoje é esforço das famílias, sem muito apoio. Assim como o estado subsidia o agronegócio com Plano Safra e com exoneração fiscal, deveria fazer isso para produção de alimento orgânico. Se tivéssemos proporcionalmente o apoio e o subsídio que o agronegócio tem, certamente estaríamos em condição melhores.

O MST ocupou terras da Suzano. Isso não prejudica?
O principal objetivo do MST é fazer a reforma agrária e produzir alimento para matar a fome. A ocupação é para pressionar que a Constituição seja cumprida.

Mas hoje existe uma CPI.
É uma CPI para criminalizar o MST, mas também para acuar o governo, para que ele não fortaleça a reforma agrária. Em relação a isso, acho que estão sendo exitosos. Mas querem usá-la para negociar a absolvição dos crimes que eles [integrantes da comissão] cometeram no 8 de janeiro. A sociedade sabe disso. Independente do relatório, da condenação da CPI, já fomos absolvidos pelo povo.


Raio-X | Diego Moreira

Carreira: Diego Moreira se tornou dirigente nacional do MST pelo setor de produção de alimentos orgânicos neste ano. Assentado na região norte do Paraná, sua militância teve início no estado com a formação de novos quadros para o movimento.

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