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Julio Wiziack é editor do Painel S.A. e está na Folha desde 2007, cobrindo bastidores de economia e negócios. Foi repórter especial e venceu os prêmios Esso e Embratel, em 2012

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Descrição de chapéu Banco Central

Câmara prepara projeto de lei proibindo restrições no parcelado sem juros

Medida ocorrerá caso Conselho Monetário Nacional aprove redução nas parcelas em compras feitas sem juros no cartão

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Brasília

Embora haja descrédito em torno de uma possível mudança no parcelado sem juros pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), a Câmara dos Deputados já se mobiliza caso haja um revés.

Líderes partidários de esquerda e do centrão fizeram chegar ao presidente Lula que apresentarão "um veto", caso haja qualquer tipo de restrição às compras sem juros no cartão de crédito.

A onda no Congresso se deve à pressão da Frente Parlamentar de Comércio. A temperatura em torno desse tema subiu porque PT, PSOL, PP, PL e UB avaliam que essa decisão do CMN terá impacto na campanha das eleições municipais do próximo ano.

Plenário da Câmara
Plenário da Câmara - Cleia Viana - 12.dez.2018/Câmara dos Deputados

A avaliação é que os candidatos às prefeituras serão cobrados pelo eleitorado por seus partidos não terem feito nada sobre o assunto no Congresso.

Em uma reunião ocorrida na semana passada, líderes discutiram que, nos municípios, especialmente os menores, a economia gira à base do parcelado sem juros.

Na conversa, os deputados do PT disseram que o presidente Lula não aprova essa medida.

Além disso, os deputados consideram que o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, avançou o sinal em relação à lei do rotativo.

Por ela, o limite de juros cobrado quando o devedor deixar de pagar a fatura passou a ser o valor original da dívida. Sem essa trava, os juros chegaram a 445% ao ano.

Cabe ao CMN a definição de regras para a autorregulação do funcionamento desse mercado pelas instituições financeiras envolvidas.

No entanto, segundo parlamentares, o BC extrapolou e, sem mandato para tal, passou a discutir mudanças no parcelado sem juros.

Antecedentes

Bancos, varejistas e empresas de maquininhas travam uma disputa em torno do parcelamento no cartão de crédito.

As discussões são mediadas pelo Banco Central que, há cerca de um mês, tenta chegar a um acordo em torno da proposta de parcelamento em até 12 vezes em um primeiro momento, chegando gradualmente a quatro parcelas, no máximo, como forma de reduzir os juros elevados no cartão de crédito.

Os bancos afirmam que, com o endividamento das famílias, os devedores entram no rotativo do cartão, que cobra juros de, em média, 445% ao ano.

Para eles, isso alimenta um círculo vicioso, que faz aumentar ainda mais os juros nessa modalidade de crédito. Por isso, querem restringir o parcelamento sem juros ao mínimo de parcelas possível.

Para compras acima desse mínimo a ser definido, avaliam a cobrança de juros. Dizem que nos EUA e Europa é assim que funciona.

Varejistas e empresas de maquininhas discordam e defendem que a culpa pelos juros elevados do rotativo é dos próprios bancos, que emitem cartões sem o devido controle do risco.

Entre 2018 e 2022, o número de plásticos passou de 100 milhões para 202 milhões.

Na última reunião, ocorrida na semana passada, outras saídas para rotativo ganharam força. Entre elas, está a redução da oferta de crédito no cartão —algo que, segundo o BC, já está ocorrendo—; a portabilidade das dívidas no cartão; e a redução dos dias no rotativo.

Com Diego Felix e Paulo Ricardo Martins

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