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Julio Wiziack é editor do Painel S.A. e está na Folha desde 2007, cobrindo bastidores de economia e negócios. Foi repórter especial e venceu os prêmios Esso e Embratel, em 2012

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Descrição de chapéu Boeing

Ex-parceiro da Boeing pede mais US$ 162 milhões em processo nos EUA

Ex-parceiros comerciais processam a gigante dos jatos comerciais; caso atual envolve startup de aeronaves híbridas

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São Paulo

A briga da Boeing com a Zunum Aero ganhou novo capítulo. Depois de ter sido condenada a pagar US$ 72 milhões para a startup de aviões híbridos com quem mantinha parceria, a gigante norte-americana foi novamente acionada na Justiça. Agora, a cifra ultrapassa US$ 162 milhões, dinheiro que pode tirar a Zunum do buraco para que tente nova decolagem.

A startup acusou a Boeing de roubo de tecnologia, quebra de contrato e apropriação indébita de segredos comerciais, o que a Boeing nega veementemente. Desta vez, a disputa envolve uma cobrança extra decorrente de danos causados à empresa e honorários advocatícios.

Logo da Boeing na aeronave Boeing 737 MAX
Logo da Boeing na aeronave Boeing 737 MAX - Peter Cziborra/Peter Cziborra - 20.jul.22/Reuters

Essa história teve início em 2017, quando a Boeing firmou com a Zunum uma venture capital (tipo de investimento em empresas normalmente iniciantes, de porte pequeno ou médio) para a produção de uma linha de pequenos jatos híbridos elétricos.

No entanto, as aeronaves nunca saíram do papel, porque a startup entrou em colapso financeiro em 2019. Credores confiscaram equipamentos de uma fábrica em Illinois (EUA), onde eram desenvolvidos os motores elétricos.

A Zunum foi à Justiça e, no processo, acusa a Boeing de não honrar com aportes financeiros previstos e de conspirar, junto a fabricantes e financiadores do setor, para boicotar os esforços da startup em manter o projeto em pé.

Segundo as acusações, a companhia ainda teria aproveitado sua posição no conselho da Zunum para obter segredos empresariais.

Consultada, a Boeing disse que apresentou uma petição ao tribunal de Seattle, nos EUA, pedindo a anulação da decisão parcial em favor da Zunum.

"As provas da Zunum não comprovam nenhuma das alegações feitas pela empresa", disse a Boeing via assessoria.

Disputa com a Embraer

No Brasil, a fabricante de jatos comerciais é acusada pela Abimde (Associação Brasileira das Indústrias de Materiais de Defesa e Segurança) e pela Aiab (Associação das Indústrias Aeroespaciais do Brasil) de contratar engenheiros de elite que integram empresas da chamada Base Industrial de Defesa (BID).

No final de 2022, as associações protocolaram uma ação civil pública em que denunciaram a suposta prática desleal da Boeing em um setor estratégico para o Brasil.

Uma das mais afetadas pela movimentação foi a Embraer, principal empresa do ecossistema de defesa aeroespacial do país. Em 2018, a Boeing fechou acordo para comprar a divisão de aviação comercial da Embraer por US$ 4,2 bilhões, mas o acordo foi desfeito dois anos depois.

Após desse período, a Boeing contratou mais de 400 profissionais que atuavam em companhias brasileiras, sendo metade deles da Embraer.

Há pouco mais de uma década em São José dos Campos, a companhia norte-americana inaugurou um centro de tecnologia e engenharia na cidade em outubro de 2023. Lá trabalham mais de 500 engenheiros, alguns saídos da Embraer e outros repatriados de companhias aeroespaciais estrangeiras.

No processo, as associações pedem que a Boeing fique limitada a contratar somente 6% dos engenheiros das empresas do setor por ano. Caso a Boeing ultrapasse o limite, seria aplicada uma multa de R$ 5 milhões.

Neste momento, a Justiça ouve as empresas envolvidas no caso.

Sobre a disputa no Brasil, a Boeing respondeu que, como empresa global, está comprometida em atrair e desenvolver os melhores talentos nos EUA e em todo o mundo para "atender à demanda global por nossos produtos e serviços aeroespaciais".

"Temos orgulho de nossos mais de 90 anos de parceria com o Brasil no fomento à inovação aeroespacial, sustentabilidade e segurança. O país possui um rico histórico na aviação, universidades técnicas de ponta e um forte ecossistema de engenharia", disse a companhia.

Com Diego Felix

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