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Jornalista e autor de "Escola Brasileira de Futebol". Cobriu sete Copas e nove finais de Champions.

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Uruguaio retrata uma das diferenças de River e Boca para times brasileiros

A mais longa final da história da Libertadores foi até a prorrogação

Jogadores do River Plate comemoram a conquista da Copa Libertadores-2018 - Sergio Perez/Reuters

Guillermo Barros Schelotto matou a charada ao afirmar que a decisão da Libertadores seria muito mais nervosa em Madri do que em La Bombonera, um mês atrás.  Só podia.  Carreagava-se nas costas a rivalidade, as disputas da partida no estádio do Boca Juniors, as agressões no Monumental de Nuñez e os argumentos para cancelar a finalíssima

Talvez por isso o primeiro tempo, especialmente, tenha registrado tantos chutes para o alto e erros de passe. O Boca foi mais agressivo na escalação, com três atacantes. Também mais sábio na aproximação pelas trocas de passe, como a que resultou no cruzamento de Olaza aos 10 minutos de jogo.

O River Plate errava com seus jogadores mais experientes. Ponzio desperdiçava passes no ataque e errou o mais grosseiro de todos, na defesa. Nandez sofreu falta que quase resultou em gol de Pablo Perez, no rebote. 

Mais agrupado, o Boca criou pela direita com Villa e o River acertou um contra-ataque. Se antes só chegava em cobranças de faltas e escanteio, quando acreditou que podia se aproximar do gol pelos lados, cedeu o espaço desejado pelo Boca Juniors.

O uruguaio Nandez, de atuação gigante, fez o lançamento para Benedetto fazer seu quinto gol na Libertadores. Nandez retrata uma das diferenças dos finalistas River Plate e Boca Juniors contra os semifinalistas derrotados, Grêmio e Palmeiras.

O Boca tem Nandez, Barrios e Pavon que disputaram a Copa do Mundo. O River tem Armani. O dobro da dupla brasileira, que conta com o atacante Borja e o zagueiro Geromel.

Sem descer ao vestiário desta vez, por respeitar sua suspensão, o técnico Marcelo Gallardo mexeu bem taticamente. Fez seus pontas, Nacho Fernández e Pity Martinez, jogarem atrás dos volantes Nandez e Pablo Perez, entre as linhas.  Assim criou excelente oportunidade aos 5 minutos, chute de longa distância de Nacho Fernandez que passou perto.

Foi também nesse espaço o toque de Enzo Pérez para Lucas Pratto sofrer pênalti do goleiro Andrada. O árbitro Andrés Cunha não marcou e nem sequer usou o árbitro de vídeo para rever o lance. O River Plate foi prejudicado. 

Quintero, outro jogador de Copa do Mundo, entrou no lugar do desastrado Ponzio.  Mais jogadas individuais, mais tabelas no ataque. Foi desse jeito que nasceu o gol de Pratto, artilheiro do River Plate com 5 gols na Libertadores. 

O Boca só se reequilíbrou com lançamentos longos e conquista de jardas em faltas seguidas cometidas pelo River.

Campinho do PVC de 10 de dezembro de 2018.
Campinho do PVC de 10 de dezembro de 2018. - Folhapress

A mais longa final da história foi até a prorrogação com expulsão do volante colombiano Barrios e o Boca, a partir daí, apenas se defendendo. Queria um contra-ataque ou os pênaltis. Não foi uma partida como as melhores da Champions League. É diferente. Há menos jogadores capazes de decidir num lance. Na Argentina, como no Brasil.

Mas os argentinos e seus clubes acreditam mais no jogo de conjunto. Há menos rupturas. A jogada do gol da virada, de Quintero, mostra a capacidade de abrir a defesa rival ampliando o campo e voltando para achar o espaço para o chute. Com o título, Gallardo coroa um trabalho de cinco anos e que já deu uma Copa Sul-americana e duas Libertadores.

PERDA DE TEMPO

O retorno de Fábio Carille ao Corinthians escancara que não foi o dinheiro a principal razão para a saída, seis meses atrás. Em reunião em Londres, o agente Paulo Pitombeira e Andrés Sanchez conversaram sobre o que não estava bom. Carille saiu com o time em 3º, Loss deixou em 8º e Jair terminou em 13º.

SEM MILAGRE

Por outro lado, impossível afirmar que Carille fará, sozinho, tudo se repetir como no ano santo de 2017. O técnico é parte de uma engrenagem que precisa funcionar. Sempre haverá a lembrança de que Carille disse que não perder jogadores seria seu maior reforço, antes de vencer o Brasileiro. 

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