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Jornalista e autor de "Escola Brasileira de Futebol". Cobriu sete Copas e nove finais de Champions.

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Jorge Jesus ensina que atacar é preciso

O prêmio ao Flamengo por não desistir foi um título inesquecível na Libertadores

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Jorge Jesus sabe a qualidade que possui em seu time de futebol. Brilha com deslocamentos constantes, movimentação incessante, passes e dribles. Só que o River Plate (ARG) passou 87 minutos tirando velocidade da partida, picando com sequências de faltas. Gallardo estudou o rubro-negro exaustivamente.

O que não tem estudo é sensibilidade. Jorge Jesus percebeu nos minutos finais que só tinha uma alternativa. A de incluir mais atacantes na grande área. Trocou Willian Arão por Vitinho, levou mais gente para o ataque. Foi premiado com a descoberta de um espaço vazio por Bruno Henrique.

O espaço que Bruno Henrique inventou foi aproveitado por De Arrascaeta, que entregou a Gabriel frente a frente com o gol vazio.

Três minutos depois, Gabriel chegou contra dois zagueiros, uma bola que parecia perdida, para fazer o gol do bi da Libertadores. Quando não dá certo na qualidade, tem de dar na quantidade. O prêmio por não desistir foi o título de maneira inesquecível.

Jogadores do Flamengo comemoram a conquista da Libertadores em Lima, no Peru
Jogadores do Flamengo comemoram a conquista da Libertadores em Lima, no Peru - Luka Gonzales/AFP

O Flamengo merece, porque trabalha para isso desde o início da recuperação financeira, até as contratações certeiras de oito titulares campeões da América: Rafinha, Filipe Luís, Rodrigo Caio, Pablo Marí, Gerson, De Arrascaseta, Gabriel e Bruno Henrique.

O River Plate apostava na continuidade de sete campeões de 2018. O Flamengo pôs o dedo na ferida para fortalecer um time que já era bom. E contratou Jorge Jesus, o homem que devolveu ao futebol brasileiro o gosto incessante pelo ataque.

Marcelo Gallardo estudou o Flamengo o quanto pôde e escolheu a atuação do Grêmio, no Maracanã, como modelo para tentar vencer a final da Libertadores. Na sua opinião, o primeiro tempo dos 5 a 0 da semifinal dificultou mais o time de Jorge Jesus do que os 4 a 4 contra o Vasco.

A marcação na saída de bola, com Palacios, impediu Gerson de trocar passes e obrigou Everton Ribeiro a entrar como meia.

A diferença pretendida por Gallardo era não errar. Pois o River Plate quase não se equivocou.

Aos 13 minutos, a desatenção foi rubro-negra. Filipe Luís deixou Nacho Fernández cruzar, e Matías Suárez enganou Willian Arão com um corta-luz. Santos Borré marcou.

Gallardo estudou mesmo o Flamengo e cortou sua linha de passes. Gerson, Arrascaeta e Everton Ribeiro caíram na arapuca da marcação de Palacios, Montiel, Enzo Pérez e Casco.

Foi estranho também ver Jorge Jesus mudar o posicionamento de seus atacantes justamente na partida mais importante do ano. Bruno Henrique começou como ponta esquerda, De Arrascaeta na direita, Everton Ribeiro por trás de Gabriel.

Isso permaneceu até o gol de Santos Borré. Depois, as posições voltaram ao normal.

A Libertadores está mudando, pouco a pouco. A final única, criticadíssima, chamou a atenção das emissoras de TV internacionais, como a BBC, que pela primeira vez a transmitiu ao vivo.

A mudança fundamental é ter equipes que vencem porque tentam jogar, em vez de guerrear.

Foi assim com o River Plate, campeão de 2015, com o Atlético Nacional, de 2016, com o Grêmio em 2017, novamente com o River, em 2018.

Jogar inclui a marcação no campo de ataque, perder e rapidamente recuperar a posse, característica fundamental do jogo de Jorge Jesus.

O segundo técnico europeu a ganhar a Libertadores ensina que atacar é preciso. Viver nem é preciso, depois de tanta felicidade rubro-negra na capital peruana.

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