Descrição de chapéu Copa Libertadores

Europa ensinou Rafinha a marcar, mas não mudou personalidade

Lateral direito jogou 13 anos no futebol alemão antes de chegar ao Flamengo

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São Paulo

São 14 anos de Europa que separam o Rafinha que assistiu ao Coritiba ser eliminado da Copa Libertadores de 2004, sem entrar em campo, do Rafinha que, neste sábado (23) tem a chance de ser campeão do continente pelo Flamengo.

Foi no continente europeu que seu futebol amadureceu, aliando potencial ofensivo com o aprendizado defensivo. Hoje, no Flamengo, o atleta de 34 anos já soma sete assistências e 20 roubadas de bola no Brasileiro.

No time de Jorge Jesus, é papel de Rafinha fazer o apoio ofensivo pela ala direita, chegando à linha de fundo e apoiando os atacante. Filipe Luís ajuda no início da jogada, construindo com a bola no pé e fazendo ela chegar aos meias.

Rafinha comemora um dos gols do Flamengo sobre o Grêmio na semifinal da Libertadores
Rafinha comemora um dos gols do Flamengo sobre o Grêmio na semifinal da Libertadores - Sergio Moraes/Reuters

O lateral ainda era uma promessa da seleção sub-20 quando começou a ganhar espaço no Coritiba, treinador por Antônio Lopes, em 2004.

Ele ainda faria gol na final do Estadual de 2005, na qual o clube foi derrotado pelo Athletico, antes de se despedir rumo ao Schalke 04 como a transação mais cara da história do Coritiba até então.

“Quando ele chegou ao vestiário, o Frank Rost [goleiro] soltou uma palavrinha assim —ainda bem que o Rafinha não entendia [alemão] no momento—: ‘É isso aí que custou 5 milhões de euros? O Schalke ta ficando louco’. O Rafinha me perguntou o que era, e eu traduzi tudo errado”, contou à Folha Bordon, ex-zagueiro do clube alemão.

Ele conta que o que chamou a atenção dos alemães era a capacidade do brasileiro de chegar com facilidade e de conduzir a bola até o campo de ataque, que contrastava com o estilo europeu de receber e tocar rapidamente.

Bordon se dispôs a mudar de posição para atuar pelo lado direito, ao lado do compatriota, e viu Rafinha aprender a defender. “A gente falava a mesma língua: ‘Ô Rato [apelido de Rafinha], se [o atacante] for para fora você pega, se for para dentro eu mato, e daqui ninguém passa’."

Após o Schalke, ele foi para o Bayern de Munique. Ganhou espaço sobretudo após a chegada do técnico Pep Guardiola à equipe. O jogador é personagem de um capítulo no livro "Guardiola Confidencial", de Martí Perarnau, que passou um ano acompanhando os treinos do clube alemão.

O livro conta que o brasileiro era tido pela comissão técnica como o jogador "mais importante do time. Se ele se machucar, nossa invenção fica comprometida".

A invenção, no caso, foi o uso de Phillip Lahm, lateral campeão do mundo em 2014, como volante, o que só é possível primeiro com o apoio de Rafinha no ataque e, depois, com a segurança defensiva que o brasileiro aprendeu a proporcionar.

A forte presença ofensiva foi vista durante sua temporada no Flamengo. Um exemplo é a atuação dele no jogo contra o Botafogo pelo Brasileiro. O lateral deu duas assistências, inclusive a que deu o gol da vitória por 3 a 2, quando recebeu a bola perto da ponta da área, driblou o marcador, tabelou com Gabriel e, já dentro da área, cruzou rasteiro para Bruno Henrique.

Se a Europa mudou definitivamente o futebol de Rafinha, sua personalidade segue inalterada. Ele é descrito pelos companheiros como extrovertido, brincalhão e bem-humorado fora de campo. Só não aceita, de maneira alguma, que questionem o seu comprometimento. 

Uma vez, após chegar atrasado ao treino do Schalke 04, Rafinha foi criticado pelo técnico Felix Magath, que o chamou de “arschloch”, palavrão em alemão para "imbecil". Revoltou-se.

Segundo Bordon, Rafinha respondeu que aceitava receber multa e ser mandado embora. "Aí ele disse:  Mas ‘arschloch’ é você, eu não!'”, falou ao técnico.

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