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Jornalista e autor de "Escola Brasileira de Futebol". Cobriu sete Copas e nove finais de Champions.

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Descrição de chapéu Mundial de Clubes 2019

Decisão do Mundial entre Flamengo e Liverpool foi de igual para igual

Time carioca não vence o Mundial de Clubes, mas mostra o caminho

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A bronca do zagueiro holandês Van Dijk nos jogadores do meio-de-campo do Liverpool, especialmente Keita, aos 27 minutos do primeiro tempo, deu o tom do que acontecia no estádio Khalifa, em Doha. Deu jogo. O Flamengo passou a ter supremacia no setor criativo e ter mais posse de bola. 

Mesmo que Jurgen Klopp não seja o treinador mais obcecado pela circulação do jogo, o que se viu num pedaço da partida foi o Flamengo esboçando pôr na roda, como em dezembro de 1981.

Nas duas vezes em que o Liverpool atacou a marcação por pressão, com Salah, Firmino e Mané quebrando a linha de passe de Arão e dos zagueiros, Flamengo conseguiu sair da cilada. O plano de Jorge Jesus era exatamente esse. “Klopp criou o 4-3-3 mais particular do planeta”, disse na véspera do jogo.

“Porque só o Liverpool ataca a marcação com três homens. Até com Guardiola é diferente.”

O holandês Van Dijk e o Firmino celebram o gol da vitória sobre o Flamengo - Ibraheem Al Omari/Reuters

Durante a semana e mesmo na manhã que antecedeu à decisão, Jesus levou os jogadores a campo para relembrar os detalhes. Sabia que quando Firmino ataca o líbero para tomar-lhe a bola, o primeiro volante, Henderson, ultrapassa a linha dos meias. Abre-se o espaço entre a linha do meio-de-campo e dos zagueiros. A ordem foi que De Arrascaeta e Éverton Ribeiro explorassem esse setor.

Bruno Henrique e Gabriel seriam os mais agudos, mas Gabigol tinha a missão de também atrair os beques de vermelho, para abrir espaço para as infiltrações. 

Depois de dez minutos de enorme superioridade inglesa, o jogo se equilibrou. O Flamengo cumpriu o que prometeu. Atacou. No início da segunda etapa, Alisson salvou bola que ia entrando, de Gabigol. Verdade que depois de Firmino acertar a trave numa jogada fantástica, com chapéu em Rodrigo Caio. Muita gente apostou que Jurgen Klopp escalaria um time misto, que deixaria Salah no banco de reservas, que Van Dijk não jogaria.

“Isto é uma trampa”, disse Jorge Jesus.

Uma armadilha acreditar num Liverpool enfraquecido. Só não esteve mais forte, porque o Flamengo o impediu. Klopp escalou Salah, apesar do acúmulo de partidas, porque viu o egípcio em seu melhor momento na temporada, com 4 gols e dois passes decisivos nas cinco partidas que antecederam à final.Houve o capricho de o campeão do país que mais reclama do VAR no planeta se salvar de duas injustiças por causa da revisão pelo vídeo.

O árbitro chileno Roberto Tobar desmarcou o pênalti que não houve de Rafinha em Mané. A primeira injustiça salva foi esta. A segunda, o Flamengo não podia perder o jogo no último instante do tempo normal. E mesmo assim, criou as duas melhores oportunidades da prorrogação, antes de Henderson lançar Mané no contra-ataque e deixar Firmino cara a cara com Diego Alves. Teve frieza para fazer o gol.

O Flamengo não vence o Mundial de Clubes, mas deixa o caminho. A ousadia e a capacidade de montar times com jogadores que tenham funções em todas as suas ações, com estudo dos adversários e disputando cada partida de acordo com o que ela pede. 

Tudo isso resultou no duelo mais frente a frente entre um clube sul-americano e outro europeu, na história recente do Mundial de Clubes. Nem quando o Estudiantes levou o Barcelona à prorrogação, nem quando o Corinthians venceu o Chelsea o campeão da América encarou tão de frente o melhor time da Europa.

Claro que o Corinthians de Tite mereceu vencer em 2012, pela estratégia, pela enorme atuação de Danilo e pelas defesas de Cássio. Mas o Flamengo fez o Brasil ser representado como o país do futebol sempre gostou de ser. Sabendo que joga de igual para igual e pode ganhar.

 

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