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Jornalista e autor de "Escola Brasileira de Futebol". Cobriu sete Copas e nove finais de Champions.

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Revolução silenciosa do futebol o aproxima do basquete

Técnico brasileiro em Moscou-1980 já previa aproximação das modalidades

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O magnífico documentário da Netflix-ESPN, “Arremesso Final”, sobre o Chicago Bulls de Michael Jordan, é antológico quando mostra a vida, o caráter e a fome de vitória do maior jogador de basquete de todos os tempos.

É também detalhista ao mostrar a capacidade do técnico Phil Jackson. Ele assumiu os Bulls em meio à sequência de derrotas para o Detroit Pistons e convenceu Michael Jordan de que nem todas as jogadas terminariam na sua mão.

A teoria dos triângulos, das jogadas em triangulações, apostou na polivalência dos jogadores e na capacidade de outros serem decisivos, além de Michael Jordan.

Ver a tática de Phil Jackson remete ao futebol atual. Joga-se no espaço de uma quadra de basquete, quando as linhas de defesa avançam e as de ataque recuam. A Copa do Mundo de 2018 mostrou as disputas em até 12 metros, entre a grande área e a intermediária, por causa da lei do impedimento.

Há 37 anos, em entrevista à Placar, o técnico Cláudio Mortari, da seleção brasileira de basquete na Olimpíada de Moscou, disse que o futebol ficaria muito parecido com o basquete. Foi quase uma profecia.

O gráfico mostrado durante o quarto episódio de “Arremesso final”, em que Phil Jackson usa a teoria das triangulações, ilustra o que dizia Mortari. O Chicago Bulls usava os triângulos para abrir espaços com jogadores polivalentes em 1990. Guardiola fez isso no Barcelona, no Bayern e atualmente no Manchester City.

O incrível desta história é que Phil Jackson sempre é citado pela liderança, não pela estratégia: “É por causa da quantidade de talentos de seu time. Então, sempre se aponta para a capacidade de administrar vaidades. Mas não é só isso”, diz Cláudio Mortari, atual técnico de basquete do São Paulo.

Mais ou menos como os europeus sempre olharam para os treinadores brasileiros, mesmo os mais táticos. Com a qualidade individual, era como se não se precisasse de tática, apenas de liderança. “Não é assim”, diz Mortari.

Atribui-se a teoria dos triângulos a Tex Winter, assistente em 9 dos 11 troféus de NBA conquistados por Phil Jackson, 6 por Chicago e 5 pelos Lakers. Jackson certamente teve humildade para beber da fonte de seu assistente e a persuasão para convencer seus jogadores de que era possível ser mais forte, e vencer, usando a estratégia a serviço do talento.

No documentário “Arremesso Final”, Michael Jordan parece torcer um pouco o nariz ao saber que Phil Jackson pretendia tirar algumas bolas de sua mão para que outros definissem jogadas também. A relação não termina sem que a admiração fosse mútua. Jordan chegou a dizer que, se Jackson deixasse os Bulls, ele também sairia de Chicago.

O basquete é um jogo de poucos espaços. O futebol é cada vez mais assim, como previu Cláudio Mortari em 1983. Na história recente, o mais perfeito exemplo de cumplicidade entre craque e treinador pode ter sido de Guardiola e Messi.

No livro “Guardiola Confidencial”, Pep conta a semana de seu segundo jogo contra o Real Madrid, como treinador. No início da madrugada, o treinador observava vídeos do rival e percebeu um espaço entre os volantes e zagueiros madridistas. Imediatamente, chamou Messi ao seu quarto.

“Está vendo este vazio? É aqui que você vai jogar”. Foi como nasceu Messi como falso nove, função em que ganhou a final da Champions League de 2009, em Roma, contra o Manchester United, e disputou toda a temporada 2010/2011.

Naquele clássico contra o Real Madrid, no Santiago Bernabéu, o Barcelona venceu por 6 a 2 com dois gols de Lionel Messi.

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