Renata Mendonça

Jornalista, comenta na Globo e é cofundadora do Dibradoras, canal sobre mulheres no esporte.

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Não é exagero dizer que Marta é a maior jogadora de todos os tempos

Alguns a chamam de 'Pelé de saias' ou 'Neymar do futebol feminino'; prefiro não comparar

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Quando voltei da Copa do Mundo de 2019, vi num parque uma cena que me chamou a atenção: uma menina de cinco anos jogando futebol com o pai. Ela vestia uma camisa da seleção brasileira e, sobre o número 10 nas costas, não estava o tradicional "Neymar Jr" que a gente costuma ver nas crianças. Estava o nome de Marta.

Alguns costumam chamá-la de "Pelé de saias". Outros dizem que ela é o "Neymar do futebol feminino". Eu prefiro não fazer comparações e deixar cada um reinar no seu quadrado. Mas entre as mulheres, não é exagero dizer que Marta é a maior de todos os tempos.

A maior artilheira da história da seleção brasileira (entre homens e mulheres) com 107 gols, a maior artilheira da história das Copas do Mundo (entre homens e mulheres) com 17 gols, a maior vencedora do prêmio Bola de Ouro da Fifa (igualada neste ano por Messi) com seis troféus. É difícil contestar um domínio desses. Por isso, se um dia passamos a chamar Pelé de "Rei do Futebol", há algum tempo Marta também começou a ser chamada de Rainha.

Mas como poderia ser Rainha se não havia majestade? Mesmo reinando absoluta no futebol feminino mundial, ganhando duas medalhas de prata olímpicas (2004 e 2008) e um vice-campeonato mundial (2007) –para um país que nem sequer Campeonato Brasileiro tinha para as mulheres jogarem–, o nome de Marta era muito pouco conhecido por aqui.

Marta no duelo contra a França, pelas oitavas de final da Copa do Mundo de 2019
Marta no duelo contra a França, pelas oitavas de final da Copa do Mundo de 2019 - Loic Venance/AFP

A história dela, então, nem se fala. Pouca gente tinha ouvido falar de Dois Riachos, a cidade alagoana de 11 mil habitantes onde nasceu a jogadora que, aos 14 anos, teve coragem para subir num ônibus sozinha e viajar até o Rio de Janeiro, onde tentaria a sorte no futebol com um teste no Vasco.

Ela passou, mas ainda levaria tempo para a sorte lhe sorrir de verdade. O clube encerrou as atividades no futebol feminino pouco tempo depois, e Marta precisou se mudar para Belo Horizonte para seguir aquele sonho. Chegou à seleção com 17 anos e ali recebeu um convite pra jogar na Suécia. Marta embarcou nessa aventura, e o resto é história.

Mas essa história mesmo era muito pouco conhecida até cinco ou seis anos atrás. Se alguém perguntasse na rua, talvez até conhecessem Marta de nome no futebol, mas dificilmente saberiam muito mais do que isso. Foi em 2016, com a Olimpíada acontecendo no Rio de Janeiro, que aparentemente o Brasil "descobriu" Marta.

Num momento em que a seleção brasileira masculina ia mal na primeira fase do torneio –e que a feminina voava–, viralizaram as imagens de torcedores riscando o nome de Neymar para escrever o de Marta na camisa da seleção. Na época, era impossível encontrar uma camisa com o nome dela para comprar.

Depois, Marta se tornou recordista de prêmios da Fifa em 2018 e recebeu até homenagem no prédio da CBF com o rosto dela estampado na fachada e um "Obrigado Rainha". Finalmente lembraram o real status desse fenômeno do nosso futebol.

Aí veio a Copa de 2019, transmitida pela primeira vez na maior emissora do país, e milhões de pessoas tiveram a chance de conhecer e admirar Marta. Aliás, foi depois do Mundial que uma escola de samba do Rio de Janeiro (Inocentes de Belford Roxo) decidiu homenagear a jogadora no samba-enredo deste ano, mudando o que estava planejado inicialmente.

Com 34 anos recém-completos nesta semana, podemos dizer que a Rainha Marta finalmente ganhou a majestade que merece.

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