Tostão

Cronista esportivo, participou como jogador das Copas de 1966 e 1970. É formado em medicina.

Salvar artigos

Recurso exclusivo para assinantes

assine ou faça login

Tostão

Visões operatória e reflexiva devem ser complementares no futebol

Nós, humanos, vivemos na falta e na ilusão de algo que nos complete

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Estou diante da folha de papel, com uma caneta esferográfica na mão, sem saber sobre o que escrevo neste período sem futebol no Brasil.

Tenho planos para 2019. Pretendo continuar a escrever minhas abobrinhas, assistir a alguns grandes jogos nos estádios, ler os livros que ganhei e usar o boné que recebi de presente de Natal, ir mais ao cinema, flanar mais pelas ruas, tomar mais sorvete de coco, desfrutar mais da vida, sem lamentar o que não é mais possível, e seguir mais o desejo, a livre associação das ideias, sem perder a reflexão e a razão.

Nós, humanos, vivemos na falta e na ilusão de algo que nos complete, mesmo quando não sabemos o que é. Dessa incompletude nasce o desejo. Os outros animais não têm esse vazio. Eles se bastam. ​

Estou na expectativa da posse do novo presidente. Votei, no segundo turno, em branco, pela primeira vez na vida. Espero que o país melhore a economia e a educação, que diminua a violência, os graves problemas sociais, o toma-lá-dá-cá e a corrupção, sem ranço de moralismo e de autoritarismo.

O futebol, ao contrário daqui, continua na Inglaterra. Antes da rodada deste fim de semana, o Manchester City de Pep Guardiola tinha perdido duas partidas seguidas e caído para o terceiro lugar, atrás do Tottenham e do líder Liverpool

Todas as grandes equipes inglesas melhoraram neste ano, especialmente o Liverpool, após a contratação de dois excelentes jogadores, para as posições em que tinha carência, no gol, com o brasileiro Alisson, e na zaga, com o holandês Van Dijk. O Manchester United é outro time, após a saída de Mourinho. O meio-campista francês Paul Pogba, reprimido pelo técnico português, voltou a brilhar. Até o Arsenal, de José Trajano e Marcelo Barreto, melhorou.

Nos próximos dias, começa a Copa São Paulo de Juniores, palco de futuros talentos, embora, cada vez mais cedo, os jovens atuam nos times titulares ou deixam o país para jogar na Europa.

Os jogadores brasileiros foram maioria na fase de grupos da Liga dos Campeões, mais até que os de países europeus. A formação de talentos não para. Por outro lado, faltam mais craques para brilhar na seleção brasileira. A França ganhou a última Copa do Mundo, na Rússia, principalmente porque tinha Varane, Pogba, Kanté, Mbappé e Griezmann. Não foi por causa da estratégia.

Nesta época, especulam demais sobre as contratações no Brasil. Os verdadeiros reforços, confirmados, são pouquíssimos, como Ramiro, pelo Corinthians, Réver, pelo Atlético, Pablo e, talvez, o goleiro Tiago Volpi, pelo São Paulo. Digo talvez, porque só conheço o jogador por poucos lances pela TV. 

O futebol brasileiro está repleto de craques apenas de melhores momentos.

Os clubes do Brasil contratam demais jogadores medianos e caros, para aumentar o elenco. Alguns chegam com grande prestígio, ganham como craques, são discretos e continuam recebendo como craques, durante longo tempo. 

O Cruzeiro deveria trocar uns quatro ou cinco reservas, a principal razão da má campanha do time no Brasileiro, por um ou dois verdadeiros reforços, sem perder Dedé, Thiago Neves e Arrascaeta.

Os profissionais de todas as áreas, em todo o mundo, como os que comandam o futebol, dentro e fora de campo, se orientam, cada vez mais, em suas condutas, pelas informações, estatísticas e pensamentos operatórios, e, cada vez menos, pelas observações objetivas e subjetivas, pela reflexão e pelo pensamento abstrato e criativo.

As duas visões são essenciais e se complementam.

 

LINK PRESENTE: Gostou deste texto? Assinante pode liberar cinco acessos gratuitos de qualquer link por dia. Basta clicar no F azul abaixo.

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.