Enquanto não houver uma vacina, o que vai demorar muito tempo, teremos de conviver com a doença, mesmo com um número menor de casos, além de tomar cuidados diários para não sermos infectados.
O retorno à normalidade será lento e progressivo. Por isso, está muito distante a volta do futebol, mesmo sem torcida.
Dificilmente, haverá jogos antes de agosto. A CBF, como era necessário, vai ajudar os clubes pequenos e o futebol feminino.
No último sábado (4), assisti, pela ESPN Brasil, a um clássico entre Barcelona e Real Madrid, realizado em 2012. Guardiola e Ronaldinho Gaúcho não estavam mais no Barcelona. Terminou 2 a 2. Adivinhe quem fez os gols? Dois de Lionel Messi e dois de Cristiano Ronaldo.
Um dos comentaristas do jogo era José Trajano, companheiro generoso da época em que trabalhei na emissora. Trajano tinha sempre uma observação criativa e bem-humorada. A seu lado, na transmissão, dois excelentes profissionais, o narrador Paulo Andrade e o analista Paulo Calçade.
Os baixinhos Xavi e Iniesta brilhavam em campo. Os dois se completavam. Xavi era o organizador, o pensador. Jogava como se estivesse vendo a partida da arquibancada. Iniesta tinha mais recursos individuais, além de uma ótima técnica.
Xavi nunca passava a bola para o companheiro marcado nem para o companheiro muito livre. Ele dava um passe para o companheiro com o adversário por perto. Este achava que daria para desarmar e, quando dava o bote, a bola já estava com outro, e assim sucessivamente, até alguém se infiltrar para receber o passe dentro da área.
O Brasil, desde Falcão, não tem um craque no meio-campo no nível de Xavi, Gérson e De Bruyne, símbolos de grandes meio-campistas, de épocas diferentes. A razão disso foi a divisão que houve no meio-campo, entre os volantes que marcam e os meias que atacam. Falo isso há 20 anos.
Zidane, um dos maiores de todos os tempos, era mais um meia de ligação, mas, se ele tivesse jogado de meio-campista, de uma intermediária à outra, seria ainda melhor.
Os treinadores brasileiros, desde as categorias de base, não sabem, até hoje, o que é um meio-campista.
Acostumaram-se com os dois volantes e com os dois meias avançados. Confundem também o meio-campista com o segundo volante e com o meia de ligação. Jorge Jesus escancarou as diferenças. Gérson, do Flamengo, é um meio-campista. Não é segundo volante nem um meia de ligação.
Anos atrás, começaram a surgir alguns bons meio-campistas no futebol brasileiro, como Arthur, Bruno Guimarães, Gérson e Matheus Henrique, mas nenhum está no nível dos melhores jogadores atuais da posição.
No dia seguinte, no domingo, vi outro jogo entre Real Madrid e Barcelona. Xavi não atuava mais. Neymar não jogou por causa de uma contusão. Terminou 3 a 2 para o Barcelona, com um gol magistral de Messi, no último minuto. Ele fez dois, e Cristiano Ronaldo, um, dois fenômenos físicos e técnicos.
Será que um dia os dois vão deixar o trono de melhores do mundo?
Xavi, futuro técnico do Barcelona, disse, anos atrás, que Messi era o melhor de todos, o que concordo.
Seu herdeiro já estava escolhido (Neymar), o que também concordo, embora, nos últimos anos, por diversos motivos, ele não tenha merecido esse lugar. Xavi acrescentou ainda que o herdeiro de Neymar também já estava escolhido, o francês Mbappé, o que é bastante provável, a não ser que Mbappé fure a fila.
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