Walter Casagrande Jr.

Comentarista e ex-jogador. É autor, com Gilvan Ribeiro, de "Casagrande e seus Demônios", "Sócrates e Casagrande - Uma História de Amor" e "Travessia"

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Walter Casagrande Jr.

Abel Ferreira tem que ser o próximo treinador da seleção brasileira

Não existe nenhum técnico no Brasil com melhor trabalho do que o dele

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Se eu fosse da CBF, agiria rapidamente e fecharia com o Abel Ferreira para ser o treinador da seleção brasileira após a saída de Tite.

Não existe nenhum treinador no Brasil com melhor trabalho que o dele.

Pelo Palmeiras, vai completar todos os títulos mais importantes do continente. É rude às vezes, mas também tem a humildade de reconhecer quando erra, coisa raríssima por aqui.

Endrick, 16 anos, encara zagueiro Natanael, do Coritiba; jovem estrela da base do Palmeiras fez sua estreia como profissional na vitória por 4 a 0, no Allianz Parque - Carla Carniel - 6.out.22/Reuters

Abel tem jogadores acima da média, que fazem a diferença e que podem decidir um jogo a qualquer momento?

Tem, sim.

É claro que o jogador que mais decide a partida é aquele que faz o gol da vitória, mas numa equipe também existem diversos modos de se fazer a diferença.

O Palmeiras tem o goleiro Weverton, que é espetacular, seguro e com ótimo posicionamento –e, por isso, pula pouco. É muito rápido e tem uma saída de bola com qualidade e rapidez. Muitas vezes, é o lançamento dele que arma o contra-ataque e acaba em gol.

Na zaga, tem Gustavo Gómez, que é um dos três melhores zagueiros do nosso continente e uma liderança respeitada. Salva gols na sua área e decide vários jogos com gols de cabeça.

Do meio para a frente, existem vários jogadores decidindo, cada um com a sua característica.

Danilo rouba a bola e sai para o jogo.

Scarpa e Raphael Veiga são supercriativos, armam bem, têm intensidade, são ótimos na bola parada e batem muito bem de longa distância.

Na frente, tem o Rony, que é um jogador esforçado, de grande força muscular e com muita velocidade.

E, quando a gente pensa que todas as cartas já estão na mesa, o Abel inventa Mayke à frente do Marcos Rocha fazendo uma dobradinha de laterais pela direita. Além de reforçar aquele lado, que às vezes é vulnerável, Mayke começa a fazer gols, e isso mostra que o treinador, com o elenco nas mãos, sabe perfeitamente como tirar o melhor de cada jogador e como surpreender nas posições.

O mais talentoso e agressivo no ataque é Dudu. Ídolo máximo da torcida, teve sua importância mais evidente depois que voltou ao Palmeiras.

Está jogando demais e deveria ter tido uma chance na seleção, assim como Veiga e Scarpa.

A liderança do Verdão vem de longe, tendo perdido só duas vezes no campeonato, e dentro de casa.

Não vejo chance para os times que estão atrás.

Com a goleada sobre o Coritiba, abre uma diferença de 12 pontos para o Internacional, que é o segundo colocado da vez.

Abel soube muito bem segurar a pressão para a estreia de Endrick.

Corretamente, esperou um jogo em casa, na frente da sua torcida, que ama o garoto, para deixá-lo fazer a sua primeira partida nos profissionais.

Espero que aqueles que estavam forçando a barra tenham percebido que jogar entre profissionais só com 16 anos não é fácil.

Endrick é espetacular e faz a diferença até nas categorias maiores do que seria a dele, como o sub-20, por exemplo.

Mas jogadores rodados, superexperientes, que conhecem os atalhos do campo e estão acostumados a marcar grandes atacantes que jogam no Brasil, tipo Gabriel Barbosa, Pedro, Cano, Hulk, Róger Guedes, Yuri Alberto, Calleri, Luciano, entre tantos outros, ainda não temem um garoto.

Eu gostei de vê-lo em campo olhando para os lados, ansioso, louco para fazer um gol.

Teve a sua chance, mas, naturalmente, a ansiedade atrapalhou.

Estava tão angustiado para fazer um gol que, num contra ataque bem armado por ele, seguiu desde o meio campo até a área.

Era ele com a bola, um zagueiro do Coritiba e mais três atacantes do Palmeiras dentro da área sozinhos, mas Endrick tentou fazer o gol porque todos esperavam isso dele.

Na entrevista emocionante que deu depois do jogo, Endrick mostrou todo o seu lado de menino assustado.

Lembrou-se do avô, que faleceu pouquíssimo tempo atrás e sonhava em vê-lo jogar com a camisa do Verdão no time profissional.

Não se pode queimar um talento desses por vaidade própria de querer dizer: "Não falei que ele deveria jogar?".

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