Uma nova coleção que busca fazer grandes perfis de mulheres desbravadoras de suas áreas no Brasil começa a ser editada em abril pela Rosa dos Tempos, sob coordenação da jornalista, escritora e pesquisadora Joselia Aguiar.
A edição inaugural da coleção Brasileiras estuda os recém-completados 90 anos de vida da arqueóloga Niéde Guidon —ela tem grafado seu nome com acento agudo, e não mais no original afrancesado Niède, por vontade de o abrasileirar.
O livro sobre Guidon, tradicionalmente avessa a aparecer em entrevistas, ficou a cargo da jornalista Adriana Abujamra. Aguiar afirma que a escolha das perfiladas, entre dezenas de figuras possíveis, sempre dependia de encontrar autoras que se encantassem genuinamente por elas e pudessem lançar a elas um olhar pessoal e diferenciado.
A escritora Maria Valéria Rezende, então, ficou encarregada do perfil de Pagu —que ela só chama, respeitosamente, de Patrícia Galvão. O pai de Rezende foi médico da ativista revolucionária, e os paralelos entre autora e biografada vão desde o engajamento político até a perseguição pela ditadura (militar, no caso de Rezende, e varguista, no de Pagu).
A jornalista Semayat Oliveira, filha de militantes negros da geração de Lélia Gonzalez, ficou responsável pelo livro que perfila uma das principais intelectuais do século 20; e a historiadora Heloisa Starling porá em prática um interesse antigo de contar a trajetória da cantora Nara Leão por um ângulo político.
Fecham esta primeira leva de livros um retrato de Conceição Evaristo pela jornalista e editora Yasmin Santos e um perfil feito pela escritora Socorro Acioli sobre Bárbara de Alencar, líder da Revolução Pernambucana.
"São apresentações das personagens, não suas biografias definitivas", afirma Aguiar. Além de estimular leitores e leitoras a conhecer essas personalidades, também é um impulso às mulheres autoras de não ficção, um espaço em que ainda "há muito a conquistar" no país, segundo ela.
PINTURA ÍNTIMA Aliás, a própria Joselia Aguiar promete que sua biografia da artista plástica Djanira, com que segue a que fez de Jorge Amado e foi laureada com o Jabuti, sai ainda neste ano pela Todavia.
ENSAIO SOBRE A ENSAÍSTA Falando em grandes retratos de mulheres, a editora Instante prepara para setembro um livro sobre Susan Sontag feito por Sigrid Nunez, a festejada autora de "O Amigo", que na juventude trabalhou como datilógrafa para a escritora americana —e foi sua nora por um período. A ideia de "Sempre Susan" é oferecer um retrato íntimo da autora americana no seu auge, bastante turbulento em termos emocionais.
FORA DA REDOMA A Companhia das Letras vai publicar Sylvia Plath pela primeira vez, num volume bilíngue que reúne toda a sua poesia lançada em vida, incluindo os livros "Ariel" e "O Colosso" —a obra em prosa da autora, como "A Redoma de Vidro", está com a Biblioteca Azul. A tradução é de
Marília Garcia e a previsão é que saia ainda neste semestre.
BIBLIOTECA DE BABEL A editora Maria Amélia Mello, que fez trabalho de peso em casas como José Olympio, Civilização Brasileira e Autêntica, é a primeira mulher entrevistada para a coleção Editando o Editor, da Edusp, que chega ao décimo número. O lançamento será na sexta-feira, dia 31, às 19h, na Livraria da Travessa em São Paulo.
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